Domingos Brazão ameaçou matar família de colega, diz relatório da PF

Um dos suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco, Brazão teria ameaçado a família de um conselheiro do TCE-RJ: "começo por um neto"

Domingos Brazão, conselheiro afastado do TCE-RJ, é apontado em delação como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco
Foto: Reprodução
Domingos Brazão, conselheiro afastado do TCE-RJ, é apontado em delação como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco

Domingos Brazão, preso por ser um dos suspeitos de mandar matar Marielle Franco, já chegou a ameaçar matar a família de um colega do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), segundo o relatório da Polícia Federal sobre o assassinato da vereadora.

O relatório da PF reuniu denúncias de outras pessoas do meio político contra os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. Um dos casos aconteceu em 2017, quando Domingos ainda atuava como conselheiro do TCE-RJ.

De acordo com a denúnica, feita por Jonas Lopes de Carvalho Júnior,  Domingos teria ameaçado outro conselheiro e sua família de morte - no caso, José Maurício de Lima Nolasco. 

No depoimento, Carvalho Júnior afirmou que estava em um almoço com outros conselheiros, entre eles Domingos, quando começaram a discutir sobre a possibilidade do Conselheiro Nolasco fazer uma colaboração premiada com a PF em uma operação que investigava um esquema de corrupção no tribunal.

Foi quando Domingos Brazão teria feito a ameaça a Nolasco: "Se ele fizer isso, ele morre. Eu começo por um neto, depois um filho, faço ele sofrer muito, e por último ele morre". Carvalho Júnior disse que se sentiu atemorizado com a ameaça.

Delação

Uma delação sobre o suposto esquema deu início às investigações contra Domingos e outros conselheiros. A Operação Quinta de Ouro foi uma operação realizada pela Polícia Federal do Brasil em 2017, que investigou esquemas de corrupção que envolviam conselheiros TCE-RJ.

Essa operação revelou um esquema em que conselheiros do TCE-RJ recebiam propina de empresários para que suas obras não fossem fiscalizadas, além do desvio de dinheiro público do Estado do Rio de Janeiro.

Foi neste contexto que Jonas de Carvalho Júnior deu o depoimento relatando as ameaças de Domingos a Nolasco, em 2017. O relato levou à prisão cautelar de Domingos Brazão, de acordo com o relatório da PF, junto com outros quatro conselheiros. No entanto, Brazão voltou ao cargo no TCE após ser solto, em 2023.

Deputada ameaçada na Câmara

O relatório da PF apontou que a deputada estadual Cidinha Campos (PDT) também foi alvo de ameaças de morte por parte de Domingos Brazão, na época em que ele também era deputado. A deputada relatou que ele estava insatisfeito com suas posições na Câmara e, quando se encontravam nos corredores, fazia ameaças contra ela.

Domingos chamou a deputada de “vagabunda e puta” no plenário, em 2014, enquanto discutiam um projeto na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

A deputada respondeu, dizendo que "é melhor ser puta do que assassino e ladrão". Foi quando as ameaças de morte começaram.

"Mando matar vagabundo mesmo. Sempre mandei. Mas vagabundo. Vagabunda, ainda não mandei matar", disse Brazão na época.

Em entrevista ao UOL News, a hoje ex-deputada relembrou as ameaças de Domingos após a conclusão do inquérito do caso Marielle. "Ele [Domingos] passava por mim e dizia o tempo todo 'eu vou te matar, sua filha da p...'". A deputada diz que chegou a andar armada, com medo. "É perigoso ser político", diz.

Ela adicionou que ainda teme a impunidade dos irmãos Brazão devido ao seu poder político. "Não tenho certeza do que vai acontecer daqui para frente com eles, pode não dar em nada", diz.

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