O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle Bolsonaro, ingressaram com uma ação na Justiça do Distrito Federal na sexta-feira (22), solicitando uma retratação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por acusações relacionadas aos móveis do Palácio da Alvorada.
Na quarta-feira (20), a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) comunicou que 261 móveis anteriormente desaparecidos foram localizados ainda em 2023. Essas peças estavam distribuídas em "várias dependências diferentes" da Presidência, incluindo o próprio Alvorada.
Os móveis foram descobertos em instalações da União e haviam sido objeto de trocas de acusações entre o presidente e seu antecessor. No início do terceiro mandato de Lula, a primeira-dama Janja Lula da Silva concedeu uma entrevista à GloboNews para criticar o estado em que a residência oficial teria sido deixada pelos Bolsonaros. Ela mostrou ao canal de notícias do Grupo Globo o que seriam danos estruturais e móveis danificados.
Lula também expressou críticas ao seu antecessor. Em 12 de janeiro de 2023, afirmou que Bolsonaro e sua esposa, Michelle Bolsonaro, teriam retirado os móveis do Alvorada: “Se fosse dele, ele tinha razão de levar mesmo, mas ali é uma coisa pública. Eu não sei por que tem que levar cama embora”.
Na petição protocolada na sexta-feira (22) na Justiça, a defesa de Bolsonaro e Michelle solicita uma retratação pública de Lula e uma indenização de R$ 20.000. O valor seria destinado a uma instituição de caridade.
A defesa do casal argumenta que o presidente "abusou" do cargo e da "facilidade" de acesso à imprensa para divulgar notícias falsas contra seu adversário político.
“Assim, sendo insuficiente a indenização pecuniária, bem como em razão do incalculável prejuízo sofrido pelos autores, requer seja o réu compelido a retratar-se publicamente nos canais de comunicação, especialmente em: a) coletiva de imprensa oficial no Palácio da Alvorada; b) espaço televisivo na GloboNews; c) bem como nas redes oficiais do Governo Federal”, diz trecho do pedido.
Quase R$ 200 mil com sofás e cama: Lula e Janja se mudaram para o Palácio da Alvorada em 6 de fevereiro, mais de um mês após a posse. Estavam residindo em um hotel na região central de Brasília. Em abril de 2023, o governo federal desembolsou R$ 196.770,00 em cinco móveis e um colchão, sem licitação, para acomodar Lula e Janja. O valor mais alto foi gasto em um sofá reclinável que custou R$ 65.140. Na nota desta quarta-feira (20), a Secom afirmou que os itens eram "imprescindíveis".
“Os móveis que foram comprados para viabilizar a mudança do presidente ao Palácio do Alvorada foram os imprescindíveis para recompor o ambiente do Palácio de acordo com seu projeto arquitetônico, e não são os mesmos da lista de patrimônio perdido. Foram comprados para recompor o ambiente do Palácio que estava deteriorado, como foi mostrado inclusive por jornalistas.”