Alvo de uma operação da Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro minimizou, na noite desta sexta-feira (9), a minuta encontrada em sua sala na sede do PL, em Brasília, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ele negou ter relação com o documento e afirmou que era parte de um processo solicitado por ele para ter conhecimento.
"O presidente não decreta estado de sítio. Ouve o Conselho da República e encaminha para o Congresso. Isso não é golpe", disse em entrevista à “TV Record”, de sua casa em Angra dos Reis (RJ).
A defesa do ex-presidente afirmou que as minutas de decretos de estado de sítio e GLO foram encontradas durante a análise dos celulares do tenente-coronel Mauro Cid, em 2023, e enviadas ao celular de Bolsonaro em 18 de outubro.
"Esses papeis que foram encontrados lá pela manhã vazaram e caiu o mundo na minha cabeça, de que ali estava a prova do golpe. Rapidamente conversei com os meus advogados e procurei saber como aqueles papeis estavam lá. Eram peças de um processo que o advogado havia conseguido junto ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator daquele outro inquérito. Então, era peça de processo", explicou Bolsonaro.
Sobre a reunião de 5 de julho de 2022, que segundo a PF possui "dinâmica golpista", o ex-presidente disse que "não vê nada demais" no fato de seu ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ter falado sobre um plano de infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas eleitorais.
"Em dado momento, o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados... é o trabalho da Inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma. As Inteligências... eu raramente usava as Inteligências que nós temos: as Forças Armadas, a própria Abin, Polícia Federal. Não vejo nada demais naquilo", disse.
Ao falar em "perseguição", Bolsonaro atacou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sugerindo que a campanha para jovens tirarem título de eleitor visava prejudicá-lo nas Eleições de 2022.
"O TSE fez uma campanha em 2022 para jovem se alistar. Nós sabemos que os jovens de 16 e 17 anos, 70% ou 80% deles votam na esquerda. E nessa campanha, 4 milhões e poucos de jovens tiraram título de eleitor. Só aí os jovens deram uma diferença de 2 milhões e poucos de votos para o outro lado. Houve interferência ou não houve? Ou não posso tocar nesse assunto, senão é crime e eu posso receber outra visita da Polícia Federal para outra busca e apreensão?", questionou.
Ao ser questionado se seu governo tramou um golpe, Bolsonaro negou e citou o episódio de 8 de janeiro.
"Esses termos, golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, são completamente... não é nem equivocado, é um crime falar nisso daí. O pessoal do 8 de janeiro, no meu entender, foi levado numa armadilha da esquerda, mas o que aconteceu foi baderna, ninguém tentou de forma violenta, usando armas, como estão sendo acusados e condenados. E outra coisa, 1.500 pessoas partiram para um golpe e ninguém sabia de nada? Querem jogar a responsabilidade para mim, mas eu não estava no Brasil. Como eu vou dar golpe fora do Brasil e quando os comandantes militares, que eram novos naquele 8 de janeiro, foram nomeados por mim como presidente a pedido do Lula? Eu não tenho nada com isso e aquelas pessoas, no meu entender, estão sendo injustamente condenadas. Nunca existiu uma tentativa de golpe no Brasil durante meu governo. Eu discutia tudo com todos os meus 23, depois 22 ministros. Sobre tudo o que acontecia, exatamente para me precaver."