Alvo de uma operação conduzida pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (8), o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira compartilhou um texto que classificava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado como "o desastre e a ruína moral da nação e de suas instituições".
Nogueira está entre os alvos de mandados de busca e apreensão , juntamente com outros aliados do ex-presidente. Os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira, o ex-ministro da Defesa Anderson Torres, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também estão sob investigação.
O texto compartilhado por Nogueira foi escrito pelo general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e diretor de geopolítica e conflitos do Instituto Sagres, entidade composta por militares da reserva. A informação foi publicada pelo blog da colunista Malu Gaspar.
O título do artigo, também compartilhado na página de Rocha Paiva no Facebook, era: “Lula presidente – Ruína moral da nação e das instituições”.
No momento em que compartilhou o texto, Nogueira havia enviado indiretas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma audiência na Câmara dos Deputados e aumentado a tensão entre os poderes ao reforçar ataques de Jair Bolsonaro à corte em uma reunião ministerial.
Nogueira afirmou, na ocasião, que não colocava em dúvida o sistema eleitoral, mas que "nenhum sistema é inviolável" e que "as Forças Armadas estavam quietinhas no seu canto" quando foram chamadas pelo TSE para participar de uma comissão técnica para melhorar a segurança e a transparência nas eleições.
Mas, na reunião ministerial no Planalto, Nogueira adotou um tom diferente, corroborando os ataques de Jair Bolsonaro à corte eleitoral e às urnas eletrônicas. Na ocasião, ele reclamou que o TSE não tinha atendido seu pedido para uma reunião específica dos militares com a corte e sugeriu que iria tentar impor um cronograma para que a corte atendesse às sugestões dos militares para o sistema eletrônico de votação.
Operação Tempus Veritatis
A operação, batizada de Tempus Veritatis, cumpre 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Os mandados, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, estão sendo cumpridos em diversos estados do país.
Segundo a PF, as investigações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
"Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", informou a PF, em nota.