A deputada Gleisi Hoffmann , presidente do PT, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que os R$ 53 bilhões aprovados para emendas parlamentares são um “ultraje” e pediu à sociedade para pressionar o Congresso a controlar o avanço no Orçamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou parte desse valor, causando queixas entre os congressistas.
"Achei um ultraje o valor aprovado para emendas parlamentares no Orçamento, R$ 53 bilhões. É quase o total para investimento. Não sou contra as emendas, mas elas não podem substituir (o papel do governo). Não há um planejamento para o país na execução desses recursos, que seguem interesses dos parlamentares. Aí, o presidente (Lula) veta R$ 5,6 bilhões, e o pessoal do Congresso fica bravo, chateado. Não pode ser assim. Tudo tem limite. Temos que conservar o que é papel constitucional de cada Poder", disse ela.
Ela pediu ainda que a sociedade pressione o Congresso contra o aumento nas emendas e disse que este valor é resultado do governo não ter maioria no Legislativo
"Se tivéssemos maioria no Congresso, teríamos conseguido evitar esse crescimento exorbitante. Infelizmente, não temos uma correlação de forças para isso. Precisamos que a sociedade nos ajude, para não deixar o Legislativo avançar desse jeito numa situação que não é de sua responsabilidade constitucional".
Pautas econômicas
Gleisi, que discorda do ministro Fernando Haddad (Fazenda) em questões econômicas, reafirmou que o foco deve ser no crescimento econômico, não em atingir um déficit zero.
"Tivemos avanços importantes na economia, como o crescimento de 3% do PIB e a inflação controlada. Isso não quer dizer que a gente não tenha preocupações sobre a condução de alguns aspectos da economia. É preciso entrar em um ciclo virtuoso e discutir a meta de crescimento. Tem que ser 4% em 2024", afirmou.
"O déficit vai ter que ser analisado no primeiro bimestre. O presidente Lula disse que não permitirá contingenciamento dos investimentos. Isso é fundamental para não travar a economia. A meta que nós temos que buscar é a do crescimento econômico. Já defendi que não tínhamos que cravar a meta fiscal zero", completou.
Para ela, esses números afetarão a narrativa eleitoral do PT, que quer conquistar mais prefeituras e continuar o confronto com o bolsonarismo, visando 2026.
"O Lula tem que ser nosso candidato à reeleição. Não tenho dúvida. Está na resolução do PT. E nossa missão tem que ser fazer com que essa frente permaneça. Ela é totalmente expressa na formação do governo, na condução da economia e no relacionamento com o Congresso", declarou.
Sobre a investigação da Polícia Federal (PF) a respeito de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Hoffmann declarou que a agência precisa de uma "grande reformulação".