'Trabalhei com provas', diz subprocurador do MPF sobre 8/1

Carlos Frederico Santos foi o responsável pelas investigações ao longo de 2023 e apresentou 1.400 denúncias

PGR no julgamento de Aécio Lucio Costa Pereira
Foto: Reprodução
PGR no julgamento de Aécio Lucio Costa Pereira

O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, foi o responsável do Ministério Público Federal por apresentar à Justiça todas as denúncias relativas aos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. 

Após um ano desde o começo das investigações, ele entregou o cargo em dezembro, após a recomendação de Paulo Gonet para a chefia do MPF. Em entrevista à Folha, ele diz que pautou seu trabalho pela solidez da investigação criminal, baseada em provas, e aproveita para provocar a Operação Lava Jato.


Investigações do 8 de janeiro

 Santos foi designado pelo antecessor de Gonet, Augusto Aras, para coordenar o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, três dias após os ataques às sedes dos Três Poderes. A ele coube a investigação sobre o caso junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Após apresentar mais de 1.400 denúncias —principalmente contra incitadores (1.156) e executores (248) dos ataques, além de oito autoridades por omissão e um financiador—, o subprocurador se diz com a sensação de dever cumprido. "Deixei a casa arrumada e tudo está em andamento. As investigações estão todas em dia."

Questionado sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em tentativa de golpe, disse: "Seria leviano eu falar isso ou aquilo a respeito de uma pessoa sem ter apurado a respectiva prova. Quem trabalhou assim foi a Lava Jato e não deu certo. O meu trabalho é diferente. Eu primeiro busco provas para depois falar e apresentar a minha denúncia."

O subprocurador-geral criticou a condução da investigação a respeito dos militares, iniciada pela Polícia Federal sem combinação com o MPF. Mas evitou conflito com o ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos no STF.

Sobre as críticas ao magistrado por concentrar poder e ter de corrigir erros, declarou: "Eu não vejo abuso. Se houve erro, é o erro da justiça dos homens. Aqui não é a justiça divina".

Falou, porém, do papel de cada instituição: "Tudo aquilo que se critica a respeito de Justiça, a respeito de falta de acesso às provas, não é com o Ministério Público. Eu respondo pelo Ministério Público."

Santos seguirá na coordenação da Câmara Criminal do MPF, como mandato até junho, e como conselheiro do Conselho Superior do Ministério Público Federal.