Em meio à tensão com o colapso iminente da mina 18 em Maceió-AL, causado pela mineração de sal-gema, o diretor-presidente da Braskem, Roberto Bischoff , afirmou nesta segunda-feira (4) que “situações políticas” distorcem informações sobre o desastre ambiental que já desalojou mais de 60 mil pessoas na capital alagoana.
Uma área equivalente a 20% do território da cidade está literalmente afundando há cinco anos, quando o solo começou a apresentar problemas devido à atividade mineradora da Braskem, causando um risco altíssimo de desabamento de imóveis.
"Nós estamos absolutamente comprometidos com um trabalho de mais de quatro anos e de fazer esse processo sem colocar em risco as pessoas. Infelizmente, [esse tema] entra em alguma situação política que a gente acaba tendo informações distorcidas, nas redes sociais", completou o executivo da Braskem, mesmo sem ter sido questionado, durante Encontro Anual da Indústria Química.
Bischoff disse ainda que a Braskem interrompeu as atividades de mineração em 2019, quando um relatório mostrou o rebaixamento do solo na região, e que a mineradora contratou especialistas “imediatamente”, com o objetivo de concretizar acordos e medidas para poder mitigar, reparar e compensar” os danos causados à cidade e à população.
“São cinco acordos hoje, com todos os entes, federal, municipal, estadual, participando dos acordos", declarou o diretor-presidente da Braskem. Esses acordos determinaram o fechamento de minas, a realocação de pessoas que viviam nos imóveis da região e obras sociais para compensar os danos causados à mobilidade urbana da capital do estado pela desocupação de cinco bairros inteiros.
"Essa é a história, é isso que está acontecendo. O resultado, se será uma acomodação de terreno de forma mais gradual, ou pode acontecer de uma forma aguda, a gente não pode afirmar ainda. O que a gente tem são bons indicativos de que o solo vem se acomodando dia a dia de uma forma melhor", disse Bischoff.
A empresa afirmou que desde 2019 vem adotando “medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano e cronograma apresentados às autoridades, e aprovados pela Agência Nacional de Mineração". O processo de preencher os poços com areia tem previsão de conclusão em 2025.
Arthur Lira contra o Governo Lula
O risco de colapso da mina da Braskem e seus efeitos em Maceió tornaram-se motivo de disputa em Brasília. Aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), junto ao prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), compraram briga com o governo Lula para incluir o Governo Federal no pagamento de indenizações às famílias vítimas do afundamento do terreno.
Por sua vez, o Governo defende que a responsabilidade pela concessão de auxílio-moradia e indenizações são de responsabilidade exclusiva da Braskem e do município de Maceió.
Na terça-feira (5) será realizado um encontro entre o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), e o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), para tratar do problema.
O governador alagoano está exigindo a presença de Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobras, na reunião. O motivo, segundo Paulo Dantas, é a Petrobras ser uma das maiores acionistas da Braskem.
Batalha de conterrâneos
Esse novo embate entre governo e oposição também deixa mais notória a disputa entre os grupos políticos de Arthur Lira e o do senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, que se criticam um ao outro publicamente.
Vale ressaltar que Renan é pai do senador e atual ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), e que a aproximação das eleições de 2024 intensificam as disputas por prefeituras entre os grupos dos parlamentares alagoanos. Além disso, ambos pretendem concorrer a uma vaga no Senado na eleição de 2026.