Planilha mostra que general acusado de topar golpe esteve no Alvorada

Mauro Cid disse em delação que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, aceitou iniciar uma tentativa de golpe de estado

Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos (Marinha do Brasil)
Foto: Redes sociais
Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos (Marinha do Brasil)

A planilha de visitas ao Palácio da Alvorada registra um encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a alta cúpula militar, fora da agenda oficial . Entre os presentes, estava o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, acusado pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, de aceitar iniciar uma tentativa de golpe de estado.

Apenas uma visita do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, ao ex-presidente Jair Bolsonaro consta nos históricos do Palácio da Alvorada obtidos pela Fiquem Sabendo, com exclusividade, via Lei de Acesso à Informação (LAI) , durante os quatro anos de governo Bolsonaro: às 21h14 do dia 19 de outubro de 2022. Não há registro para o horário de saída do almirante do local nesse dia. 

Os dados mostram ainda que Garnier chegou acompanhado do então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e dos comandantes da Aeronáutica e do Exército. Pouco antes da chegada da cúpula militar, o próprio Cid teve seu ingresso no Alvorada registrado, às 20h32. Logo depois dos militares, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, acessou também a residência presidencial. 

Em acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal e homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid mencionou a ocorrência de um encontro entre a cúpula militar e o ex-presidente para supostamente discutir um plano de golpe, após a derrota eleitoral de Bolsonaro.

Na delação, Cid disse que o ex-presidente teve reunião com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares do seu governo para avaliar a possibilidade de dar um golpe de estado, segundo a colunista Bela Megale, do jornal O GLOBO. 

Foi discutida a minuta de um texto que promoveria intervenção militar e impediria a troca de governo. A reunião se deu após as eleições em que Bolsonaro saiu derrotado para o presidente Lula. 

Cid disse ainda que o então comandante da Marinha teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente. Já o comando do Exército afirmou, naquela ocasião, que não embarcaria no plano golpista.

De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, no G1, a Polícia Federal solicitou ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) os registros de entrada e saída de militares do Palácio da Alvorada.

Nas agendas oficiais de Bolsonaro, Garnier e outros comandantes militares não há anotações de encontros pessoais entre as autoridades no Alvorada, conforme levantamento na plataforma Agenda Transparente, ferramenta desenvolvida pela Fiquem Sabendo para acompanhar facilmente agendas oficiais do Executivo federal. (Veja  aqui todas as visitas fora da agenda oficial).

Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas