Na manhã desta quarta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi internado num hospital em São Paulo para fazer exames de rotina. A internação ocorreu no mesmo dia em que a Polícia Federal convocou o ex-mandatário, sua esposa e outros aliados próximos para prestar depoimento sobre o caso das joias. Esta é a oitava internação do ex-presidente desde a campanha de 2018, quando Bolsonaro sofreu uma facada durante um ato de campanha.
As internações, sem exceção, coincidiram com momentos críticos para Bolsonaro, sua família e seu governo quando ele estava na presidência. Confira, a seguir, a linha do tempo das internações de Bolsonaro e as crises políticas que ele e seu entorno enfrentavam à época:
Janeiro de 2019
Estávamos no primeiro mês do mandato de Bolsonaro como presidente quando ele foi submetido a uma cirurgia para retirar a bolsa de colostomia que precisou colocar em decorrência da facada sofrida no ano anterior.
Simultaneamente, o então presidente estava envolvido em diversas polêmicas, inclusive a que envolveu Fabrício Queiroz, suspeito de realizar movimentações financeiras atípicas.
Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou um pedido do filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, suspendendo as investigações contra Queiroz no Ministério Público do Rio de Janeiro.
Setembro de 2019
No primeiro ano de seu governo, o ex-presidente foi internado duas vezes. Uma delas tinha por objetivo preparar o ex-presidente para uma cirurgia de correção de uma hérnia incisional na região da área atingida pela facada e ocorreu no momento mais crítico de seu rompimento político com o ex-juiz (e também ministro da Justiça escolhido por ele) Sergio Moro.
O racha entre eles ocorreu quando Bolsonaro disse a Moro que trocaria o diretor-geral da Polícia Federal (sob o comando da pasta chefiada por Moro) e escolheria o sucessor ao cargo no lugar do então ministro.
Tempos antes de ser internado, Bolsonaro também tinha que lidar com a pressão que estava sofrendo para adotar medidas efetivas para conter a escalada de desmatamento e queimadas na região da Floresta Amazônica.
Setembro de 2020
Após a revista Crusoé revelar que o ex-assessor Fabrício Queiroz e sua esposa, Márcia Aguiar, repassaram um total de R$89 mil para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016, Bolsonaro avisou apoiadores que passaria por uma cirurgia, que foi realizada no dia 25 daquele mês para retirar um cálculo de sua bexiga urinária.
Dias antes, ao ser questionado sobre as transferências de Queiroz para Michelle durante uma coletiva de imprensa, o ex-presidente, claramente irritado, se dirigiu ao jornalista repórter do jornal O Globo que fez a pergunta, dizendo que sua vontade era “encher tua boca na porrada".
Julho de 2021
Quando a CPI da Covid-19 — que mirava as ações e inações do governo Bolsonaro — foi prorrogada em julho, Bolsonaro foi internado após passar 11 dias com um soluço persistente e precisar tratar uma obstrução no intestino.
Bolsonaro deu entrada no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo (o mesmo onde ele está hoje), no mesmo dia em que estava marcada uma reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 com os chefes dos três Poderes da República.
Janeiro de 2022
No início do ano passado, a Bahia foi atingida por um evento climático severo que causou enchentes e matou 25 pessoas enquanto Bolsonaro fazia uma viagem de férias e promovia aglomerações nas praias de Santa Catarina em meio a um aumento de casos de Covid-19, o que lhe rendeu duras críticas.
Após o período de folga, o então presidente foi internado com uma obstrução intestinal causada após comer um camarão inteiro que bloqueou seu trânsito intestinal.
Março de 2022 e o escândalo no MEC
No mês de março de 2022, estourou um escândalo de corrupção no Ministério da Educação (MEC), sob o comando do pastor Milton Ribeiro, acusado de ter beneficiado pastores aliados em prefeituras que tiveram preferência na distribuição de recursos da pasta.
No dia 28, Ribeiro pediu exoneração do cargo de ministro e Bolsonaro foi internado para fazer exames após sentir um desconforto abdominal.
Janeiro de 2023
Na véspera dos ataques golpistas em Brasília, o ex-presidente sentiu dores abdominais durante a madrugada e deu entrada às 4h — horário da Flórida — no AdventHealth Celebration, em Orlando. Os ataques ocorridos no Brasil levou parlamentares estadunidenses a pedir que o ex-presidente fosse expulso do país.
Agosto de 2023
Nesta quarta-feira (23), Bolsonaro foi internado no hospital Vila Nova Star, em São Paulo para fazer exames de rotina relacionados à facada que ele sofreu durante a campanha presidencial de 2018, e está sob os cuidados dos médicos Maurício Wajgarten (pai de seu advogado e assessor, Fábio Wajgarten) e Antonio Macedo.
Também nesta quarta, a Polícia Federal intimou Bolsonaro, sua esposa e aliados para prestar depoimentos simultâneos — para evitar a combinação de versões — sobre o caso das joias sauditas no dia 31 de agosto.
Além do ex-presidente e de Michelle Bolsonaro, foram chamados Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, advogados de Jair Bolsonaro; Marcelo Câmara, assessor especial; Mauro Cid e seu pai Mauro César Lourena Cid; e o assessor Osmar Crivellati.