Lula diz que Brics não é contra o G7, mas defende organizar Sul Global

Afirmação ocorre em meio a debates sobre expansão do bloco; China e África do Sul defendem uma expansão ampla; Brasil e Índia temem visão anti-Ocidente do Brics

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula e a Primeira-dama Janja Lula da Silva desembarcam em Joanesburgo, África do Sul - 21.08.2023

O presidente Lula (PT) negou, nesta terça-feira (22), que o Brics (agrupamento entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) seja um contraponto ao G7, grupo das economias consideradas mais industrializadas do mundo, liderado pelos Estados Unidos. 

"O Brics não é contraponto ao G7, nem ao G20, nem contra ninguém", afirmou o presidente. "Queremos nos organizar enquanto Sul Global, uma coisa que não existia antes", disse. "Somos importantes no debate global, sentando na mesa de negociação, em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos".


Lula fez a declaração em meio a Cúpula de Johanesburgo, na África do Sul, que discute uma ampliação do bloco. Ainda nesta terça, o ministro da Fazenda,  Fernando Haddad (PT), fez coro à fala do presidente da República, e disse que o Brics não deve significar "nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes".

A ampliação do bloco, discutida nesta Cúpula, é vista de maneira diferente pelos países do Brics. A China, por exemplo, defende que uma grande expansão seja feita de uma única vez, admitindo duas dezenas de países ao grupo. A visão é compartilhada pela África do Sul.

Brasil e Índia, porém, rechaçam a ideia, e temem que esse novo desenho do bloco seja encarado como uma aliança anti-Ocidente e antagonista aos Estados Unidos e ao Grupo dos Sete. Ainda assim, o Brasil, que antes era frontalmente contra a expansão, flexibilizou sua posição e argumenta que um crescimento controlado não é mais ruim aos interesses do país.