O presidente Lula (PT) negou, nesta terça-feira (22), que o Brics (agrupamento entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) seja um contraponto ao G7, grupo das economias consideradas mais industrializadas do mundo, liderado pelos Estados Unidos.
"O Brics não é contraponto ao G7, nem ao G20, nem contra ninguém", afirmou o presidente. "Queremos nos organizar enquanto Sul Global, uma coisa que não existia antes", disse. "Somos importantes no debate global, sentando na mesa de negociação, em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos".
Precisamos criar um mundo mais justo, mais solidário. O que a gente precisa fazer, nesse instante, é acabar com a fome no planeta Terra. É permitir que todo mundo viva dignamente. Temos dinheiro para isso. Precisamos de disposição política. O Brics tem essa simbologia: criar um…
— Lula (@LulaOficial) August 22, 2023
Lula fez a declaração em meio a Cúpula de Johanesburgo, na África do Sul, que discute uma ampliação do bloco. Ainda nesta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fez coro à fala do presidente da República, e disse que o Brics não deve significar "nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes".
A ampliação do bloco, discutida nesta Cúpula, é vista de maneira diferente pelos países do Brics. A China, por exemplo, defende que uma grande expansão seja feita de uma única vez, admitindo duas dezenas de países ao grupo. A visão é compartilhada pela África do Sul.
Brasil e Índia, porém, rechaçam a ideia, e temem que esse novo desenho do bloco seja encarado como uma aliança anti-Ocidente e antagonista aos Estados Unidos e ao Grupo dos Sete. Ainda assim, o Brasil, que antes era frontalmente contra a expansão, flexibilizou sua posição e argumenta que um crescimento controlado não é mais ruim aos interesses do país.