Clube Harmonia restringe a permanência de babás em suas dependências

O Clube de elite na cidade de São Paulo exige o uso de uniforme e restringe até onde as trabalhadoras podem comer

Foto: Creative Commons
Clube Harmonia restringe roupas e permanência de babás


Frequentadores do clube de elite Harmonia, um dos mais “exclusivos” da cidade de São Paulo, se surpreenderam com um comunicado da diretoria nesta semana, estipulando regras discriminatórias para a entrada e permanência de babás nas dependências do clube. A informação é da coluna da jornalista Mônica Bérgamo. 

O estabelecimento determinou, por exemplo, que babás e enfermeiras terão que usar um fardamento completamente branco e impõe restrições sobre o lugar onde elas podem fazer refeições. 

“Os uniformes de Babás e Enfermeiros(as) deverão ser obrigatoriamente de cor branca, e obedecer ao padrão profissional. Para as babás é permitido o uso de bermuda na altura do joelho e camisa na cor branca, sem qualquer tipo de inscrição, estampa ou transparência, não sendo permitido o uso de short ou collant. O uso de legging também é permitido, desde que a camiseta branca tenha comprimento próximo ao joelho”, diz um trecho do comunicado.

A prática do clube pode ser considerada criminosa pela Lei nº 7716/89, Art. 9º, que proíbe estabelecimentos de “impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público” e prevê pena de reclusão de um a três anos.




O clube elitista determina que as babás podem permanecer no parquinho, quiosque, vestiário infantil e sala de espera enquanto estiverem acompanhadas das crianças das quais estão cuidando, mas afirma que elas “deverão permanecer à espera [das crianças que estiverem em atividades do clube] nos locais designados, não podendo utilizar as dependências de uso exclusivo dos sócios”. 

O ponto que mais levantou polêmica foi a restrição que o clube Harmonia determinou às babás é a proibição de comer livremente dentro do local, limitando essa “autorização” somente a certos locais e aos momentos em que estiverem com as crianças ou seus patrões. 

“As babás só poderão fazer refeições quando estiverem acompanhando crianças, exclusivamente nos seguintes locais: 

Nas mesas dispostas entre o Quiosque e a Piscina Infantil;

Nas mesas em frente ao balcão da Lanchonete;

Quando na companhia de crianças e dos patrões, poderão utilizar os restaurantes da Sede e da Piscina.”

Há regras também para motoristas particulares, que devem usar uniformes na cor azul, e só podem aguardar os sócios do lado de fora do clube, "com o veículo devidamente estacionado" e "exclusivamente para acompanharem crianças entre as portarias e os departamentos".

O Harmonia foi fundado em 1930 por dissidentes de outro clube de elite de São Paulo. Questionado sobre as restrições, o clube diz que houve um aumento de 20% dos frequentadores do clube, o que levou a direção a reforçar "políticas já existentes referentes a quaisquer não-sócios". 


O estabelecimento ainda afirma que o novo regulamento para acesso de visitantes e profissionais que acompanham os sócios foi feito por um grupo de trabalho que inclui gestores, sócios e suas famílias, contando, assim, com “a validação da grande maioria dos associados".

"Conforme nosso estatuto, o clube tem como foco o atendimento aos sócios e, portanto, toda a nossa estrutura não pode ser direcionada para terceiros, como amigos, familiares, convidados ou acompanhantes", afirma a nota da diretoria.

"Vale destacar que, em nenhum momento essas medidas limitam, restringem ou discriminam a presença destes acompanhantes em qualquer ambiente. Pelo contrário. Foram adicionados espaços não-obrigatórios nos quais os visitantes têm preferência para ocupação, seguindo exatamente os mesmos padrões oferecidos aos sócios nos espaços anteriores", diz o comunicado.

Sobre as roupas, o Harmonia diz que o uso de uniformes "é um requerimento que precisa ser seguido por quem desejar utilizar nossa estrutura, assim como há regras proibindo consumo de bebidas alcoólicas, fumo ou desenvolvimento de atividades que não estejam em conformidade com a função profissional".