Senador entra com representação contra Valadão por fala homofóbica

Fabiano Contarato publicou mais cedo nas redes sociais que pretendia ir à Justiça contra André Valadão após fala homofóbica durante um culto nos Estados Unidos

Foto: Reprodução
Fabiano Contarato e André Valadão

O senador Fabiano Contarato (PT-ES), entrou com uma representação criminal contra o pastor André Valadão nesta segunda-feira (03), pelas falas homofóbicas feitas durante um culto. Em uma live publicada no domingo (2), Valadão fez ataques à comunidade LGBTQIAP+ e incitando a violência dos fiéis contra os integrantes da sigla.

No documento enviado ao iG, o senador diz que a fala de Valadão deveria ser julgada pela Lei do Racismo — que enquadra os crimes de homofobia e transfobia desde 2019. Ele justifica que o discurso do pastor "não se restringiu a uma pessoa determinada, mas sim a todo o grupo de pessoas LGBTQIAP+". Ele ainda levanta que mesmo a fala não tendo sido feita em território brasileiro, Valadão "praticou crime contra uma coletividade de pessoas, incluindo brasileiros", e o vídeo foi transmitido pela internet, chegando ao Brasil.

"Observa-se que [André Valadão] age de forma reiterada nas redes sociais. Durante o mês de junho, o pastor bolsonarista fez diversas manifestações racistas contra comemoração do mês do orgulho LGBTQIA+. Durante um culto na mesma igreja de Orlando, ele chegou a comparar gays a criminosos e afirmar que 'ao lado de imorais, os homossexuais herdarão o Reino de Deus'."

Contarato pede a prisão preventiva de André Valadão e disse que a é necessária para que possa haver uma "garantia da ordem pública". O parlamentar ainda argumenta que o pastor utiliza das redes sociais e da "posição de líder religioso" para poder disseminar "discursos de ódio e incitando a violência de fiéis contra o público LGBTQIA+".

Além da prisão de Valadão, o senador pede que seja aplicada uma multa de R$ 1 milhão, como indenização por danos morais coletivos. O valor seria destinado ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.

Fabiano Contarato já havia se posicionado sobre o caso nas redes sociais. No Twitter, o senador disse que não poderia se "calar diante do crime praticado por André Valadão".

"Em um país onde tanto se mata LGBTQIA+, André Valadão não pode falar em nome de Deus. Deus é união, amor, respeito e tantos sentimentos bons, jamais um incentivador de discurso de ódio e de assassinatos em massa", diz o senador em outra publicação.



André Valadão

A live transmitida por André Valadão no último domingo foi marcada por incitação da violência contra pessoas LGBTQIAP+. Ele diz: "Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: 'Pode parar, reseta!' Mas Deus fala que não pode mais". Após isso, o pastor afirma que os fiéis devem fazer o "trabalho sujo", em nome "Deus".

Ele continua proferindo falas homofóbicas, dizendo que ao normalizar as relações homoafetivas e ao "deixar viver", isso estaria sendo como uma porta de entrada para as famílias adentrarem em um mundo de promiscuidade e perversão.

"Hoje você vê nas paradas, homens e mulheres completamente nus, com suas genitais expostas dançando em frente de crianças. Ai você horroriza, mas essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal”, afirmou o cantor gospel.

Além dos ataques das relações homoafetivas, Valadão entrou na discussão que tem sido um grande debate nos Estados Unidos, que são acerca das drag queens no país. Ele afirma que essas profissionais estão entrando nas escolas para ensinar sexualidade às crianças.