Um galpão, que fica em uma área nobre de Brasília e que tem como proprietário o ex-piloto Nelson Piquet, conta hoje com cerca de nove mil itens que fazem parte do acervo pessoal de Bolsonaro, ou seja, que compõe os supostos presentes que o ex-presidente recebeu e levou consigo quando deixou o poder.
Emprestado pelo bolsonarista, o espaço foi o mesmo utilizado para guardar dois dos três conjuntos de joias que Bolsonaro recebeu do regime da Arábia Saudita e que foram entregues à Caixa Econômica Federal por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
De acordo com o jornal "Folha de São Paulo", ao todo, 195 metros cúbicos da propriedade de Piquet estão tomados por presentes dados por pessoas físicas, jurídicas e autoridades dos mais variados países.
Vale lembrar que o ex-piloto é apoiador de Bolsonaro e chegou a dor R$ 501 mil à campanha do candidato à reeleição. Ele também fez uma doação de R$ 200 mil à direção nacional do PP, partido que integrou a coligação do ex-presidente. Além disso, durante manifestação golpista em novembro, Piquet chegou a sugerir “Lula no cemitério“.
Relembre o caso
O governo Jair Bolsonaro tentou trazer ao Brasil de forma irregular, em outubro de 2021, joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. Os itens foram encontrados na mala de um assessor do Ministério de Minas e Energia e não foram declarados à Receita como item pessoal, o que obrigaria o pagamento de imposto, e acabaram apreendidos.
O escândalo foi revelado em março pelo jornal O Estado de S. Paulo, que mostrou que houve oito tentativas de reaver o estojo com as joias, três delas ainda em 2021.
Em depoimento, no dia 5 de abril, o ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes sobre as joias retidas no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Na oportunidade, Bolsonaro se contradisse sobre ter tentado resgatar as joias. Primeiro, ele apontou que "a intenção de que as joias fossem retiradas na Alfândega antes do declarante viajar aos EUA era para não deixar qualquer pendência para o próximo governo e evitar um vexame diplomático".
Porém, ao ser questionado sobre o grande empenho para tentar retirar os objetos, mesmo sabendo que não estava pronta a documentação necessária, Bolsonaro afirmou não ter ideia de tal possível empenho. Que, em razão do tumulto que foram seus últimos dias de governo, sequer teve cabeça para se preocupar com o assunto".