Os últimos resultados preliminares do Censo Demográfico 2022 tem despertado um alerta no Governo Federal. O motivo foi o "sumiço" de cerca de três milhões de brasileiros na contagem, afetando a formulação de políticas públicas além da distribuição de verbas paras as prefeituras. Os dados concretos ainda serão divulgados, sendo eles mantidos em sigilo até o momento.
O recenseamento chega perto da data final e contabilizou cerca de 205 milhões de pessoas em território brasileiro. As informações foram relatadas ao canal CNN, ao qual integrantes do governo possuem conhecimento dos resultados.
A contagem vai à contramão da progressão feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim do ano passado. Segundo eles, considerando as coletas realizadas até o dia 25 de dezembro, estimava-se a existência de pelo menos 207,8 milhões de brasileiros. A diminuição equivale a praticamente a população do Distrito Federal.
A contagem gerou preocupações no Ministério do Planejamento, pasta ao qual o IBGE responde, e no próprio Palácio do Planalto. A suspeita da queda no número é a quantidade expressiva de famílias de baixa renda que teriam se declaradas como "unipessoal" — maneira que não contabiliza cônjuges e dependentes — com medo de perderem auxílios sociais.
Já é de conhecimento do governo que o número de beneficiários do Bolsa Família foi inflado durante o ano passado, tendo mais de uma pessoa da família que recebia o benefício. A causa foi a falta de controle no cadastro do então Auxílio Brasil, e acabou fazendo que milhões de beneficiários tivessem o cadastro cancelado.
Outro ponto levantado é o grande número de "domicílios de uso ocasional" em áreas pobres, o que não é do perfil. Este tipo de domicílio são destinados pelos usuários para férias ou fins de semana, sem moradia fixa.
Os pesquisadores alertam também as pessoas que não responderam o questionário, incluindo em bairros nobres das capitais. A falta de informação gera uma lacuna importante nos dados. No próximo sábado (15), o IBGE promoverá um esforço para concentrar uma equipe nos bairros ricos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Uma medida para tentar mitigar a perda de dados foi promovida no último mês pela ministra Simone Tebet. Ela lançou o programa Favela no Mapa, em que juntamente com a Central Única das Favelas (Cufa), buscam diminuir a resistência da comunidade com os recenseadores.
As prefeituras mostraram preocupação ao Governo Federal. O motivo é a perda de recursos no âmbito no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O programa visa distribuir 22,5% da arrecadação com Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), através da União. Os dados que vem sendo utilizado para calcular são de 2018, mas cerca de 700 prefeituras já alegaram que tais números condizem com a realidade.
O Planalto informou que as prefeituras vêm contratando pessoas para possam apurar possíveis inconsistências e contestarem os dados preliminares. Isso aconteceu após, em diversos casos, a população apresentar uma queda frente ao último Censo, o que implicava menos recursos para os municípios.