Acampados há meses, refugiados no aeroporto de GRU são todos acolhidos

Aeroporto deve receber mais 2 mil refugiados ainda neste ano

Foto: Reprodução: Arquivo Pessoal - Swani Zenobini
Refugiados afegãos acampados no aeroporto de Guarulhos no ano passado

Os corredores do Aeroporto Internacional de São Paulo , em Guarulhos, estão vazios pela primeira vez em cinco meses. Um último grupo de aproximadamente 40 refugiados afegãos  foi encaminhado para um local de apoio, a Casa de Passagem Terra Nova , oferecida pelo governo de São Paulo em parceria com a Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude.

Em nota, o governo de SP confirmou que acolheu 36 afegãos, entre eles 12 crianças na última semana.

"É uma ação humanitária importantíssima para pessoas que foram obrigadas a deixar seu país. Muitas delas enfrentam os dias mais desafiadores de suas vidas. Ao acolhê-las, o Governo do Estado de São Paulo oferece a esses refugiados e suas famílias todo suporte e uma oportunidade de recomeçar”, observou Gilberto Nascimento, secretário estadual do Desenvolvimento Social.

Ainda, segundo o Ministério da Justiça , entre janeiro e outubro de do ano passado, 3.367 refugiados chegaram ao Brasil através do Aeroporto Internacional de Guarulhos .

Em nota, a pasta informou que a  Acnur (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) está acompanhando a situação dos refugiados na cidade de São Paulo.

"Serão visitados diversos abrigos municipais e estaduais. A equipe está sendo acompanhada pelo escritório do Acnur na cidade de São Paulo. A situação no aeroporto está estabilizada", afirmou o Ministério da Justiça.

Apesar da situação controlada, a ativista e integrante do Coletivo Frente Afegã , Swany Zenobini, afirmou ao iG que "mais 2 mil" refugiados estão para chegar no Brasil.

"A gente continua aceitando doação de alimento, principalmente leite, pão, kit higiene, porque é a gente que oferece o café da manhã para eles. É importante reforçar porque deu uma caída e as pessoas acham que não vai ter mais nenhum refugiado, mas a gente precisa porque mais 2 mil estão para chegar" , ressalta Swany.

O Coletivo Frente Afegã atua no apoio aos refugiados acampados no aeroporto de Guarulhos desde agosto do ano passado. O grupo tem cerca de 120 membros que se dividem em pessoas da área da saúde, da alimentação, dos abrigos e dos voluntários.

Quem abrigou os refugiados acampados?

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil - 26/10/2022
Refugiados afegãos acampados no Aeroporto de Guarulhos

"A comunidade evangélica em peso ajudou e não foi pouco, foi muito. Teve o pessoal da Igreja Metodista, teve a Mesquita de Guarulhos, o pessoal da Cáritas. A Prefeitura de Guarulhos abriu uma casa que já acolheu refugiados na semana passada, então tem vários lugares que começaram a abrir espaço", disse Swany.

Em agosto de 2021, o regime Talibã, grupo extremista islâmico, tomou o controle de quase todo o Afeganistão, incluindo a capital, Cabul, após 20 anos da expulsão dada pelas forças ocidentais lideradas pelos Estados Unidos. O presidente Ashraf Ghanifugiu deixou o país e o palácio presidencial foi tomado pelo grupo em 15 de agosto de 2021.

Apoio do governo 

No final do ano passado, houve um pico de mais de 300 refugiados afegãos acampados nos corredores do aeroporto. Swany diz que o momento foi caótico e de muita preocupação.

"Passamos de 300 pessoas no final do ano passado, a gente pegou todo o mezanino do aeroporto. Ficamos com eles 24 horas para dar assistência e foi desesperador, ainda mais durante a troca de governo. Só tínhamos ajuda do Hotel Guarulhos, doações da sociedade civil e algumas organizações" , relata a ativista.

Apesar do período turbulento, o coletivo se diz otimista com o governo atual.

"O governo atual tem se mostrado muito interessado em resolver esse problema. Antes do governo virar, o Geraldo Alckmin já tinha mandado pessoas da equipe de transição para fazer uma visita técnica no aeroporto de Guarulhos e ver a situação e eles fizeram um relatório em cima do que eles viram" , afirma Swany.

Durante visita ao local onde os refugiados estavam acampados, a presidente do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), Sheila Carvalho, afirmou que "é fundamental fortalecer as políticas de refúgio para o atendimento desse fluxo migratório, com um olhar humanitário para as necessidades dessas pessoas que chegam de um território com essa grave e generalizada violação de direitos humanos”.

"Semana passada teve também a visita da presidente do Conare, Sheila Carvalho, então a gente vê que o governo tem se mostrado muito mais interessado em resolver a situação. Todo mundo da rede está bem otimista com ele" , afirmou a integrante do coletivo.

Doações e voluntariado

Para realizar doações aos refugiados afegãos e ser voluntário, entre em contato com o Coletivo Frente Afegã através das redes sociais - @coletivofrenteafega ou clique aqui .

O aeroporto de Guarulhos também possui um contato para quem desejar ajudar na causa. Saiba mais na Central de Voluntariado de Guarulhos pelo WhatsApp (11) 99637-2799. 


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