O Brasil foi o país que mais matou ativistas ambientais e líderes comunitários em dez anos, segundo relatório da ONG Global Witness . A organização levantou que foram cerca de 1.700 mortes no mundo na última década e 342 casos em território brasileiro.
"A Amazônia se tornou o pano de fundo para impunidade e violência crescentes. Com poderosos interesses da agricultura no coração da economia de exportação do Brasil, a floresta se tornou o cenário de uma batalha por terra e recursos naturais que se intensificou após 2018", afirma o relatório.
O documento mostrou dados de 2012 a 2021. No ano passado, o Brasil teve 26 mortes de ativistas por direitos ambientais e fundiários. Em primeiro lugar ficou o México, com 54 mortes e a Colômbia em segundo, com 33. No mundo todo foram 200 assassinatos.
A morte dos ambientalistas Dom Phillips e de Bruno Pereira não foram contabilizadas pela Global Witness por terem ocorrido no ano de 2022. A dupla foi assassinada no Vale do Javari, no Amazonas, em julho deste ano.
Segundo a Polícia Federal, o indigenista foi morto com dois tiros na região abdominal e torácica e um na cabeça. O jornalista Dom Phillips levou um tiro no abdômen/tórax. A munição usada no assassinato foi típica de caça.
O relatório divulgado nesta quarta-feira (28) as mortes citadas no Brasil são a dos líderes locais sem-terra Amarildo Rodrigues, Amaral Rodrigues e Kevin de Souza, mortos em Rondônia. O caso do líder indígena tupinambá Alex Barros Santos da Silva, assassinado por conflito fundiário no sul da Bahia, e de Isac Tembé, morto por um policial militar investigado por envolvimento com fazendeiros também foram incluídos.
A Global Witness afirmou que os conflitos que mais causaram mortes em 2021 foram em razão da mineração (27 casos), usinas hidrelétricas (13 casos) e agronegócio (5 casos).
Ainda, o documento aponta que as mortes em território brasileiro estão relacionados com a raça e localização geográfica. Um terço dos óbitos foram de indígenas e negros, e 85% dos assassinatos ocorreram na Amazônia.
"Desde que Bolsonaro chegou ao poder, ele encorajou operações ilegais de garimpo e extração de madeira, retirou direitos fundiários dos indígenas e atacou grupos de ambientalistas, cortando recursos e desmantelando agências de proteção ao ambiente e aos povos indígenas", diz o levantamento da ONG.
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