"Outro dia tinha marcado para vir aqui e não foi possível por vários problemas, até de local. Foi quando vi na imprensa um senador que disse que eu não deveria vir a Santa Catarina porque essa aqui é terra de Bolsonaro. E que eu não seria bem recebido aqui", disse Lula no evento na praça Tancredo Neves, na capital catarinense.
"Certamente ele não está vendo e acompanhando pela internet esse nosso ato. Mas queria pedir para o companheiro Dario (Berger, senador) e o companheiro Randolfe (Rodrigues, senador e um dos coordenadores da campanha de Lula) para quando o Senado voltar a funcionar levar a fotografia aérea desse encontro aqui. É para ele saber que na vida política dele, nem que ele gaste o orçamento secreto inteiro, ele vai conseguir juntar a quantidade de gente que tem hoje aqui nessa praça", disse.
Apesar do evento lotado, sondagens eleitorais mostram um cenário desfavorável a Lula no Sul. Segundo a última pesquisa Datafolha, de sexta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro tem 42% das intenções de voto na região Sul, enquanto Lula soma 34%.
A margem de erro para a região é de cinco pontos para mais ou menos. Em maio, o petista estava com 17 pontos de vantagem, sendo 12 fora da margem, mas a partir de setembro houve uma inversão na curva e Bolsonaro o ultrapassou numericamente.
Especificamente em Santa Catarina, pesquisa Ipec divulgada no fim de agosto mostra que Bolsonaro lidera com 50% das intenções de voto no estado, contra 25% de Lula.
Ao lado do candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), que não discursou, Lula disse que vai revogar o decreto de sigilo do governo Bolsonaro "para descobrir o que ele está escondendo" e prometeu mais investimentos em educação, saúde e saneamento básico, citando "as praias maravilhosas" de Florianópolis sem tratamento de esgoto.
"Aí fico sabendo que nessas praias tão bonitas o esgoto é jogado in natura. Alguma coisa está errada com a elite brasileira. Mas não tem nada errado. É que ela não gosta de fazer esgoto porque é embaixo da terra e ninguém vê. O que gostam é de fazer ponte, viaduto, que as pessoas enxergam. Mas saneamento básico que gera emprego, qualifica a vida das pessoas, não é importante, as pessoas não veem", criticou Lula.
O petista prometeu a criação de um Ministério da Mulher e um Ministério da Igualdade Racial, proposta já anunciada em comícios anteriores, além da volta dos Ministérios da Pesca e da Cultura. Repetiu que quer "cuidar" do povo brasileiro, e não governar. E que está "otimista" aos 76 anos, "com energia de 30".
"Se a gente ganhar, vamos ter que dar um jeito no Centrão, no Orçamento Secreto, cumprir o salário da enfermagem, melhorar o piso dos professores. Para melhorar Educação, Saúde, tem que contratar mais gente, e pagar. É por isso que estou otimista", afirmou.
A ex-presidente Dilma Rousseff discursou antes de Lula, e foi saudada com coro de "Dilma, eu te amo". Décio Lima (PT), candidato ao governo de Santa Catarina, Bia Vargas (PSB), candidata a vice-governadora, e o senador Dario Berger (PSB), candidato à reeleição, também falaram no evento.
Enquanto Lula esteve em reduto eleitoral de Bolsonaro, o presidente fez campanha em Pernambuco, e passou por Garanhuns, onde o petista nasceu.
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