Pesquisa: jornalistas sofrem mais de 2 milhões de ataques nas redes

A jornalista Vera Magalhães lidera o ranking de ter sofrido mais ataques nas redes no último mês

Jornalista Vera Magalhães da TV Cultura
Foto: Reprodução/Instagram - 15.09.2022
Jornalista Vera Magalhães da TV Cultura

Um estudo realizado pelo Repórteres Sem Fronteiras (RSF) , organização internacional sem fins lucrativos, apontou que ao menos 2,8 milhões (2.865.845) de postagens contra os jornalistas nas redes sociais foram ofensivas e agressivas , incluindo 264 hashtags diferentes usadas para ofendê-los. A pesquisa foi realizada entre 16 de agosto e 15 de setembro.

Os profissionais que mais receberam ataques nesse período foram:

  • Vera Magalhães (26.706 ataques);

  • Miriam Leitão (3.832);

  • William Bonner (1.650);

  • Andréia Sadi (1.550);

  • Eliane Cantanhêde (1.468);

  • Milton Neves (1.279);

  • Mônica Bergamo (1.198);

  • Ricardo Noblat (891);

  • Reinaldo Azevedo (793);

  • Renata Vasconcellos (458).

Além disso, os dias que mais atacaram a imprensa  foram nas datas de sabatinas com os candidatos à presidência da República e o dia dos debates também entre os presidenciáveis, segundo o estudo.

jornalista Vera Magalhães foi atacada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) quando fez uma pergunta relacionada as vacinas no Brasil, durante o primeiro debate entre os candidatos ao Executivo.

O atual mandatário chamou Vera de "vergonha para o jornalismo brasileiro". Instantes depois, os candidatos Ciro Gomes (PDT) , Simone Tebet (MDB) , Soraya Thronicke (União Brasil) e Lula (PT) se solidarizaram com ela e repúdio a ação nas redes sociais.

No mesmo dia, ela se tornou um dos assuntos mais pesquisados em relação ao candidato, segundo o Google Trends - Eleições, que mostra os termos de pesquisa mais frequentes relacionados aos candidatos à presidência.

Segundo o estudo, a hashtag #VeraVergonhadoJornalismo foi compartilhada 10.273 vezes em poucas horas. A expressão “Verba Magalhães”, que faz referência a uma informação falsa sobre o suposto salário que a jornalista receberia na TV Cultura, foi citada 10.816 vezes no Twitter no dia seguinte ao debate.

Ainda, a hashtag #veravergonhadojornalismo é a terceira mais usada, com mais de 10 mil menções em todo o período (até 11 de setembro).

No último domingo (11), Magalhães foi novamente hostilizada em um ambiente de debate eleitoral. Dessa vez, a conversa era entre os candidatos ao governo de São Paulo. 

Após a sabatina, ela foi agredida verbalmente pelo deputado estadual, Douglas Garcia (Republicanos), que a xingou e a chamou de "vergonha para o jornalismo brasileiro".  O nome de Vera foi novamente para o topo das postagens nas redes sociais naquele dia.

As Hashtags mais utilizadas neste período da pesquisa foram: #globolixo (mencionada 401.973 vezes); #globolixoderretendo (15.741); #cnnlixo (5.686); #globosta (1.026); #uolixo (876); #bandlixo (531); #folhalixo (481); e #imprensalixo (460).

Direcionamentos

A pesquisa revela ainda que 88% dos conteúdos agressivos postados nas redes no período monitorado foram direcionados a mulheres jornalistas (repórteres, comentaristas e apresentadoras). 

A maioria dos termos mais usados nas postagens também foram direcionados as profissionais mulheres. Os adjetivos foram: “militante”, “vagabunda”, “vaca”, “lixo”, “canalha”, “idiota”, “jornazista”, “ridícula/o”, “bandido”, “velha”, “feia”, “vovô” e “comunista”.

A RSF foi fundada em 1985 em Montpellier, na França. A organização tem status consultivo junto às Nações Unidas, UNESCO, Conselho da Europa e Organização Internacional da Francofonia (OIF).  

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