Os relacionamentos acabam, por inúmeros motivos, influenciados por diversos fatores e motivados por uma série de contextos diferentes. A lei natural da vida sempre vai nos levar a recomeçar em algum momento. Apesar disso, no momento do ruptura, a pessoa diz que não se importa mais, que não tem mais sentimento envolvido e que deseja que o outro seja feliz. Mas, nem sempre, esse desejo racional se alinha às emoções.
Entender intelectualmente a necessidade de recomeço do outro é uma coisa, aceitar isso é outra história. Então, a razão e a emoção entram em guerra. O que fazer com esse desejo enorme de ver o outro arrastando correntes, curtindo a mesma fossa, sofrendo do mesmo jeito que você está sofrendo?
A razão compreende que o outro precisa retomar sua vida, nem que seja sem a gente. No entanto, as emoções negam ao outro o direito de “deixar o barco correr”. A recusa em autorizar o outro a recomeçar mais parece uma birra de criança que não aceita perder o brinquedo preferido. E, para manter o controle, a pessoa monitora as redes sociais do outro, procura saber através dos amigos, da família ou de conhecidos como a pessoa está depois do rompimento. Se está triste, se sai à noite, se está com outra pessoa.
É preciso olhar com bastante cuidado para atitudes como essas e entender que o outro não é um patrimônio seu, ele precisa seguir, recomeçar e ser feliz também. É natural que o sentimento de posse e o egoísmo surjam após um término de relacionamento, seja ele traumático ou não.
Entretanto, dependendo da intensidade, esse tipo de sentimento pode se instalar e entulhar seu coração. E, aos poucos, ir criando raízes de amargura, frustração, ressentimento... Eis a razão que tem tanta gente que não consegue recomeçar.
Clarice Lispector diz algo sobre isso: “A gente tem o direito de deixar o barco correr. As coisas se arranjam...”. Ninguém precisa sofrer do mesmo jeito que você sofre. Mensurar a dor do outro pela sua é incoerente. Aprenda a lidar com seus conflitos internos e busque a compreensão de cada sentimento ruim que o afligir.
Pergunte a si mesmo se é simplesmente orgulho ferido ou outro sentimento que você teima em não admitir que sente? Faça isso sem culpa, sem medo, sem autojulgamentos. Nessas horas, se acolher é mais eficiente que se cobrar.
A Bíblia nos ensina: “De tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, pois dele procedem as saídas da vida”, Pv 4.23. Guarde seu coração para que sentimentos mesquinhos não venham se apoderar de você. Deixar o barco correr, é entender o curso natural da vida. Existem “aparentes finais” que, depois, serão lembrados como o início de uma bela história.
Pense nisso! Deus abençoe a tua semana.