Após pedir licença não remunerada da Câmara Municipal do Rio até o dia 30 de setembro, Carlos Bolsonaro (Republicanos) vai intensificar sua participação na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesse período, ele passará a maior parte do tempo em Brasília para comandar de perto a estratégia das redes sociais do pai e ajudar a mobilizar a militância em torno da candidatura à reeleição do mandatário da República.
Apesar de comandar uma das áreas mais estratégicas da campanha, Carlos não vai participar das reuniões do núcleo político, baseado em uma casa no Lago Sul, bairro nobre de em Brasília. Essa ala é comandada pelo outro filho do presidente, o senador e coordenador da campanha, Flávio Bolsonaro (PL-RJ); o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Carlos, no entanto, deverá contar com o apoio de servidores da Presidência, que formarão uma espécie de núcleo paralelo. Devem fazer parte dele os assessores Filipe Martins, José Matheus Sales e Mateus Matos Diniz.
Outro que conta com a confiança de Carlos e deve integrar o grupo é Tércio Arnaud Thomaz. Ele deixou o cargo que ocupava no governo porque vai concorrer como suplente do candidato a senador pela Paraíba Bruno Roberto (PL). Thomaz, Sales e Diniz formam o chamado "gabinete do ódio", grupo capitaneado por Carlos responsável por disseminar o discurso bolsonarista nas redes sociais.
O GLOBO procurou o trio, assim como Martins, mas não obteve resposta. Antes mesmo de se licenciar do legislativo carioca, do qual ficará afastado até o último dia útil antes do primeiro turno, que ocorrerá no dia 2 de outubro, Carlos já vinha atuando na campanha. Na quinta-feira passada, ele estava ao lado do pai quando o presidente apareceu na rampa do Palácio do Planalto acenando a apoiadores.
Campanha terá divisão de tarefas entre irmãos
A maior proximidade de Carlos com o epicentro da campanha tende a reavivar tensões com membros do grupo político. Em junho, quando as primeiras propagandas partidárias do PL foram ar, Carlos Bolsonaro fez críticas nas redes sociais. “Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing…. Meu Deus!”, desdenhou Carlos.
Dias depois, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reagiu ao movimento do irmão, expondo as divergências familiares. Na ocasião, o senador disse que “as inserções do partido foram perfeitas”, “fruto de muito trabalho, de muito estudo". "Não foi um achismo.”, complementou.
Para evitar conflitos, integrantes da campanha acordaram em não atravessar o caminho de Carlos, que dará as cartas na estratégia digital e das redes sociais do presidente. Por outro lado, os outros departamentos da comunicação estratégia, incluindo a propaganda para a televisão, ficarão a cargo do grupo formado pelo ex-secretário Especial de Comunicação da presidência Fabio Wajngarten, o marqueteiro Duda Lima e o publicitário Sérgio Lima.
O afastamento de Carlos foi publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da Câmara do Rio. Ele alegou que precisa tratar de assuntos particulares. Em 2018, ele emendou três licenças do cargo de vereador para cuidar da campanha do pai e só retornou o mandato após Bolsonaro se eleger no segundo turno.
O presidente costuma atribuir a Carlos a sua eleição quatro anos atrás. Na época, o vereador acumulou atritos com os profissionais contratados pelo PSL, então partido de Bolsonaro.
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