Polícia monitora chefes do tráfico que estariam no Alemão em operação

O traficante Pezão, um dos líderes locais, não teria conseguido fugir; chefe da Rocinha, Johnny Bravo também estaria no complexo no momento dos confrontos

Movimentação de policiais durante operação no Complexo do Alemão
Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia - 21.07.2022
Movimentação de policiais durante operação no Complexo do Alemão

O setor de inteligência da Polícia Militar vem monitorando o criminoso Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, um dos chefes do tráfico de drogas no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, após a  operação na comunidade, realizada na última quinta-feira (21). Investigações apontam que ele não conseguiu fugir do complexo.

Além dele, o criminoso John Wallace da Silva Viana, conhecido como Johny Bravo, chefe do tráfico na Rocinha, na Zona Sul do Rio, estaria no Alemão no momento em que as polícias Civil e Militar entraram no complexo de favelas, mas não foi localizado. Contra ele, constam seis mandados de prisão por tráfico de drogas, associação ao tráfico e homicídio. Segundo a polícia, aproximadamente 100 criminosos deixaram a comunidade pela área de mata em direção à Vila Cruzeiro.

Há informações de que o traficante teria sido baleado na ação, mas a Polícia Militar disse que, até o momento, não há a confirmação. O Portal dos Procurados oferece R$ 1 mil por informações que leve à prisão de Pezão. Contra ele, há nove mandados de prisão em aberto, a maioria por associação ao tráfico.

Luciano assumiu o controle do Complexo do Alemão após receber ordens diretas de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Fernandinho Beira-Mar para matar o antigo chefe, o traficante Antônio de Souza Ferreira, conhecido como Tota, em 2008. Tota teria sido morto porque não estava mais repassando o dinheiro arrecadado com a venda de drogas para os líderes do Comando Vermelho (CV), que se encontram presos em diversos presídios estaduais e federais.

Pezão chegou a ser capturado em 2005 pelo Departamento de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Rio, quando chefiava a venda de drogas na comunidade da Grota, favela que faz parte do Complexo do Alemão, mas foi solto por decisão Tribunal de Justiça do Rio, em 2008.

Segundo informações recebidas pelo Disque Denúncia, após a ocupação do Complexo do Alemão por forças pacificadoras (Polícias Civil e Militar e Exército Brasileiro), em 2010, ele teria buscado refúgio em vários locais sob o domínio de sua facção como: Mangueirinha, Juramento, Morro da Galinha (Inhaúma) e em algumas comunidades em São Gonçalo e Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Johny Bravo, líder do tráfico na Rocinha.

Johny assumiu a liderança do tráfico de drogas na comunidade após divergências do traficante Rogerinho 157 com o traficante Antônio Bomfim Lopes, o Nem, que está preso. Segundo informações recebidas pelo Portal dos Procurados em 2014, Jhony Bravo teria saído do Brasil e fugido para a Suíça por desavenças com sua quadrilha. Essa não teria sido sua única viagem internacional: Jhony, que fala inglês fluente, viajava frequentemente para o exterior.

Ele também é responsável pela comercialização do "gatonet" (recepção não autorizada do sinal de TV por assinatura), assinaturas de internet e gás encanado. Dentre as cobranças, também está a de aluguel de R$ 300 para jogar no campo de futebol público no alto do Vidigal.

Johny também foi um dos indiciados pela Delegacia de Homicídios da Capital pela morte de Ana Cristina da Silva, de 25 anos. Ana Cristina estava indo com o filho para o bar onde trabalhava, no Rio Comprido, quando ficou no meio do tiroteio. No momento dos disparos, ela se curvou sobre o filho de três anos para protegê-lo e acabou sendo atingida por tiros de fuzil na cabeça e na barriga.

Operação termina com 15 suspeitos mortos e cinco presos

A Polícia Civil divulgou, na manhã deste sábado (23), uma lista atualizada com os nomes dos 15 suspeitos mortos na Operação do Complexo do Alemão. Entre eles, dez possuem anotações criminais, mas todos são considerados suspeitos de integrar o tráfico de drogas da região, de acordo com a polícia.

Outros dois inocentes também morreram durante a ação, totalizando 17 mortes na quarta operação mais letal da história do Estado do Rio de Janeiro. No dia seguinte, uma moradora também morreu baleada, sendo a 18ª morte na comunidade em dois dias. O número de presos ao fim da ação também subiu. Segundo o órgão, foram cinco presos, todos com passagens pela polícia, sendo um investigado de participação no roubo de uma joalheria no shopping Village Mall, na Zona Oeste.

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