Após ataques de Bolsonaro às urnas, AGU se reúne com presidente do TSE

Bruno Bianco se reuniu com ministro Edson Fachin com aval de Bolsonaro, dizem integrantes do governo

O presidente Jair Bolsonaro e o advogado-geral da União, Bruno Bianco
Foto: Reprodução - 22.07.2022
O presidente Jair Bolsonaro e o advogado-geral da União, Bruno Bianco

Dois dias após o presidente Jair Bolsonaro atacar as urnas eletrônicas em reuniões com embaixadores, o advogado-geral da União, ministro Bruno Bianco, se reuniu com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, para tentar apaziguar o ânimo com a Corte eleitoral. De acordo com integrantes do governo, a reunião teve o aval do titular do Palácio do Planalto.

O chefe da AGU vinha sinalizando o interesse em buscar o diálogo tanto com Fachin quanto com o ministro Alexandre de Moraes, que assumirá a presidência do TSE no dia 16 de agosto. A interlocutores, Bianco tem afirmado que acredita ser possível construir uma ponte entre Bolsonaro e os ministros da Corte para que o processo eleitoral ocorra de forma pacífica.

Um dia após o encontro com Fachin, o advogado-geral da União também esteve no Palácio do Planalto em reunião com Bolsonaro para fazer um relato do encontro com o presidente do TSE.

A conversa entre Bianco e Bolsonaro ocorreu horas após o presidente do TSE ter dado cinco dias para Bolsonaro se manifestar a respeito de pedidos feitos por partidos de oposição como PDT, PT, Rede e PCdoB para que sejam excluídos das redes sociais os vídeos em que o mandatário aparece atacando as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral durante reunião com embaixadores na segunda-feira.

Nesta sexta-feira, Bolsonaro disse ter certeza que haverá um acordo sobre as urnas eletrônicas.

"Nós somos pessoas civilizadas, e vai chegar a um bom termo essa questão. Tenho certeza", disse o presidente em conversa com jornalistas em um posto de combustível em Brasília, após ser questionado pela imprensa sobre o que acontecerá se o TSE não acatar as propostas das Forças Armadas.

A expectativa de integrantes do governo é que o TSE atenda ao menos parte das propostas feitas pelas Forças Armadas como um gesto de pacificação. Outros ministros também já se colocaram à disposição para tentar achar uma solução para a crescente tensão entre o presidente e a corte eleitoral. Na semana passada, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, já havia se reunido reservadamente com Alexandre de Moraes, alvo de ataques de Bolsonaro.

A Corte Eleitoral, no entanto, já informou que as três sugestões feitas por militares “foram devidamente analisadas e consideradas”.

“O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informa que as três propostas para o aprimoramento das eleições, indicadas como não acolhidas pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira e pelo coronel Marcelo Nogueira de Souza, já foram analisadas e consideradas pela Corte Eleitoral. O Tribunal informa que elas receberam, como dezenas de outras propostas, os devidos encaminhamentos, que respeitaram a legislação eleitoral em vigor”, informou o TSE.

Essa não é a primeira vez que Bianco se coloca como um interlocutor entre o Palácio do Planalto e o Judiciário. No ano passado, ele atuou nos bastidores para ajudar a articular uma trégua com o Supremo Tribunal Federal (STF) após os atos de 7 de Setembro do ano passado.

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