Em audiência pública na manhã desta quarta-feira, a Comissão de Direitos Humanos do Senado questionou a falta de ação do governo federal, por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai), para conter os criminosos envolvidos nas mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. O crime ocorreu na região do Vale do Javari, no extremo Oeste do Amazonas.
De acordo com um ofício enviado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) à Funai em abril - e ressaltado durante a audiência -, a quadrilha de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, foi flagrada no rio Ituí cerca de 60 dias antes dos assassinatos. Segundo o documento, os pescadores estavam armados e exercendo a pesca ilegal, mas nenhuma providência foi tomada por autoridades encarregadas de proteger os indígenas, mesmo após a Funai ter sido alertada sobre a presença dos criminosos em local próximo à terra indígena.
"O ofício tinha até a foto do criminoso. Por que deixaram matar? Por que não foi tomada nenhuma providência?", questionou o senador Randolfe Rodrigues. "Neste ofício quase se faz uma premonição dos assassinatos. O documento diz quem é que está fazendo a pesca ilegal, onde essa pessoa mora, como atua e que estava armada. Não demorou 60 dias e mataram Bruno e mataram Dom. Se houvesse providências, eles estariam vivos", completou.
O representante jurídico da Univaja, Eliesio Marubo, confirmou que nenhuma autoridade atendeu àquela ocorrência. "Ao que tudo indica, a depender das informações colhidas no inquérito, a arma que matou os dois e a canoa eram as mesmas que foram flagradas nesse dia", disse Marubo.
Durante a audiência o senador Randolfe também questionou a ausência presencial do coordenador de Índios Isolados da Funai, Geovânio Katukina, que participou dos debates remotamente.
Convidado, o ministro da Justiça avisou por meio de uma assessora que não compareceria à audiência, que teve a parte da tarde suspensa.
A pedido dos senadores que integram a comissão foi reiterado à Polícia Federal os pedidos de proteção aos indígenas feitos pela Univaja e as considerações produzidas por servidores da FUNAI em greve.
"A diretoria da Univaja está marcada assim como estava o Bruno. Hoje temos que andar com seguranças em carros blindados", disse Marubo.
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