Associação de indígenas defende Bruno e Dom de presidente da Funai

Indígenas Associados afirmaram que os desaparecidos não ingressaram em terra indígena, ao contrário do que afirmou Marcelo Xavier

Campanha nas redes pressiona pelas buscas de jornalista e indigenista
Foto: Reprodução - 07.05.2022
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O grupo Indigenistas Associados (INA) declarou que o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, teceu "insinuações equivocadas" quando afirmou, pela manhã, que  Bruno Pereira e Dom Phillips não tinham autorização para entrar na Terra Indígena (TI) do Vale do Javari. De acordo com a INA, eles ficaram nas imediações da TI.

"Não é verdade que Bruno e Dom tenham sido descuidados com solicitação de autorização de ingresso em terra indígena. Simplesmente, porque não ingressaram em terra indígena. A expedição realizada transcorreu nas imediações, mas não no interior da Terra Indígena Vale do Javari", escreveu o grupo que é formado por servidores da Funai.

As declarações de Marcelo Xavier foram dadas em entrevista à Jovem Pan News. Segundo ele, Bruno e Dom não tinham autorização para estar na TI.

“Toda entrada em área de indígena isolada tem que passar pelo nosso setor de autorizações e pesquisas. Isso inexistiu. Também não foram cumpridos nenhum dos protocolos”, acusou Xavier.

Segundo os servidores que compõe o INA, o presidente da Funai insinua um descuido inexistente por parte da dupla de desaparecidos.

"Espera-se que corrija a informação que transmitiu - com deslealdade, tendo em vista tratar-se de pessoas em situação de vítima, sem condições de responder", completou o grupo.


Xavier ainda afirmou que Bruno Araújo já teria tido conflitos com a população da região no passado.

“Os indígenas tiraram ele a força, são os indígenas matís, isso foi difundido muito na imprensa”, disse o presidente da Funai.

A declaração também foi amplamente rebatida pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava). Em nota, o grupo afirmou que Bruno é atualmente a maior referência indigenista em atividade para assuntos referentes ao local, sobretudo para as questões territoriais e as relações históricas e políticas da região.

"Esse reconhecimento é facilmente constatado ao dialogar com as principais lideranças do Vale do Javari dos diferentes povos. Bruno compreende pelo menos 4 das línguas dos povos do Javari e tem larga experiência no diálogo intercultural com essas populações, o que é um grande diferencial. São mais de 11 anos atuando como indigenista no Vale do Javari, tendo coordenado por 5 anos a CR Vale do Javari da Funai, realizado mais de 10 longas expedições de localização de índios isolados e participado de 3 situações de contato com índios isolados. Além disso, Bruno atuou diversas operações de vigilância e fiscalização na região, como a Operação Korubo em 2019, a maior do país daquele ano no combate ao garimpo ilegal, com a inutilização de mais de 60 balsas de garimpo — razão pela qual passou a sofrer perseguição política na Funai e foi exonerado do cargo de Coordenador-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato", diz a nota.

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