Sian Phillips, irmã do jornalista inglês Dom Phillips, desaparecido na Amazônia desde domingo na companhia do indigenista Bruno Araújo Pereira
, fez um apelo para que as autoridades brasileiras se empenhem nas buscas pela dupla. Em vídeo compartilhado nas redes socias, Siam também ressaltou como o irmão ama o país e sempre se importou com a região amazônica e os que vivem no local.
"Meu irmão vive no Brasil com a sua mulher brasileira, amo o país e se importa profundamente com a Amazônia e os que vivem na região. Nós sabíamos que era um lugar perigoso, mas Dom acreditava que era possível salvar a natureza e os povos indígenas", ressaltou.
Siam explicou que o irmão estava fazendo uma pesquisa para um livro quando sumiu. Emocionada, disse estar preocupada com o jornalista e pede que autoridades brasileiras façam todo o possível para encontrá-lo.
"Aqui no Reino Unido, eu e meu outro irmão estamos extremamente preocupados. Nós amamos nosso irmão e queremos ele e seu guia brasileiro, Bruno Pereira, seja encontrados. Cada minuto importa", disse Sian.
Indigenista era alvo de ameaças
O desaparecimento foi alertado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) nesta segunda-feira. Pereira era alvo constante de ameaças por combater a invasores como pescadores, garimpeiros e madeireiros. O Vale do Javari é a região com a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo.
"Segundo relatos dos colaboradores da Univaja, essa semana a equipe recebeu ameaças em campo, além de outras que já vinham sendo feitas, e de outros relatos já feitos para a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em Tabatinga", afirmou Beto Marubo, da coordenação da Univaja.
De acordo com a organização, os dois viajavam com uma embarcação nova abastecida com 70 litros de gasolina, além de sete tambores vazios de combustível.
A Univaja diz que os dois haviam visitado a equipe de vigilância indígena próxima à localidade do Lago do Jaburu (perto da base de vigilância da Funai no rio Ituí), para entrevistas de Phillips com indígenas. Os dois chegaram ao local na sexta-feira, no início da noite. No domingo, foram cedo à comunidade de São Rafael, para um encontro marcado com um líder comunitário apelidado de “Churrasco”.
No entanto, “Churrasco” não estava na comunidade, e eles conversaram apenas com a mulher do líder comunitário, de acordo com a Unijava. Em seguida, partiram para Atalaia, em uma viagem que deveria demorar cerca de duas horas. Mas não chegaram ao destino.
Sem a chegada da dupla, uma equipe de buscas, com indígenas que conhecem bem a região, saiu às 14h de Atalaia do Norte para procurá-los, mas sem sucesso. Duas horas depois, outra equipe partiu de Tabatinga mas também não encontrou vestígios dos dois.
Na manhã de ontem, três servidores da Funai e dois agentes da Força Nacional de Segurança Nacional fizeram novas buscas a partir da base de vigilância da Funai no rio Ituí. A equipe não achou pistas e o trabalho deve continuar hoje.
"As buscas têm que ser por via fluvial, com embarcações", disse Leandro Amaral, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari.
"Pereira é uma pessoa experiente e que conhece bem a região, foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por anos", lembrou o advogado da Univaja, Eliésio Marubo.
Mulher de Pereira, a antropóloga Beatriz de Almeida Matos disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo estar preocupada devido às ameaças que já foram feitas ao marido.
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