O excesso de chuvas e suas consequências já causaram mais de 500 mortes em todo o Brasil desde o início de 2022, segundo um levantamento feito com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Somados aos dados mais recentes divulgados pelo Governo de Pernambuco, que ainda não foram inseridos em sua totalidade no sistema de monitoramento, esse número representa quase 30% das mortes causadas pelas chuvas nos últimos 10 anos, pouco mais de 1,8 mil.
Antes de 2022, os três anos com mais registros de óbitos eram 2019, 2021 e 2020 - 297, 290 e 216, respectivamente, já superados pelo primeiro semestre, que teve ocorrências de grande porte também na Bahia e no Rio de Janeiro .
Um estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em abril, apontou que grande parte do orçamento que deveria ser destinado para prevenir desastres, fazer a gestão de risco e recuperar as áreas afetadas não chegou às cidades.
O documento aponta que, de 2010 a 2021, foram autorizados no orçamento federal R$ 36,5 bilhões para essa finalidade, mas apenas R$ 15,3 bilhões foram pagos pela União. Em 2020, apenas R$ 211 mil foram destinados para ações de prevenção.
Segundo Pedro Luiz Cortês, professor do Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM), do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), a situação pode se repetir em outras regiões do país.
"As mudanças climáticas, infelizmente, já são uma realidade. Desde o final do ano passado, estamos vendo episódios de chuvas intensas. Em dezembro, a Bahia sofreu com chuvas muito intensas. Em janeiro, o mesmo ocorreu em Minas Gerais. Depois, tivemos tragédias em Franco da Rocha, Petrópolis e na região de Angra dos Reis. O que está acontecendo no Recife é mais uma mostra de que os eventos extremos serão cada vez mais frequentes", afirma.
"Precisamos adotar uma cultura de prevenção ao invés de apenas reagirmos aos eventos extremos. O INMET e o CEMADEN fornecem informes e alertas que devem ser utilizados pelos gestores públicos e políticos no planejamento para minimizar os efeitos desses eventos extremos".
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** Filha da periferia que nasceu para contar histórias. Denise Bonfim é jornalista e apaixonada por futebol. No iG, escreve sobre saúde, política e cotidiano.