Malafaia e evangélicos criticam voto de Mendonça no caso Silveira
Ministro indicado por Bolsonaro ao STF foi a favor de condenação de deputado aliado do presidente
O voto do ministro André Mendonça do Supremo Tribunal Federal (STF), que também foi favorável à condenação do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), decepcionou o presidente Jair Bolsonaro e irritou evangélicos e aliados do Palácio do Planalto. Segundo interlocutores da Presidência, a expectativa era que o segundo ministro indicado por Bolsonaro à Corte pedisse vista do processo, o que interromperia o julgamento.
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Com o voto de Mendonça nesta quarta-feira, a Corte, por dez votos, condenou Silveira a 8 anos de prisão por ameaças e incitação à violência contra os integrantes do Supremo e determinou a perda de mandato parlamentar. Outro indicado por Bolsonaro ao STF, Kassio Nunes Marques foi o único a votar pela absolvição do deputado.
Segundo interlocutores, Bolsonaro, que vem defendendo publicamente Silveira, ainda não se manifestou após o voto de Mendonça nem mesmo de forma reservada. Antes, avisou a aliados que iria acompanhar o julgamento do Palácio da Alvorada, para onde se deslocou após chegar de viagem ao município de Rio Verde, em Goiás. O presidente, segundo relatos, demonstrava apreensão sobre como o ministro "terrivelmente evangélico" se posicionaria.
Bolsonaro pretende usar a abertura das duas próximas vagas no STF na disputa eleitoral, argumentando que ele, se mantendo presidente, poderá fazer uma Corte mais conservadora. Com o voto contrário de Mendonça, considerada uma "traição", o titular do Planalto tem essa sua estratégia colocada em xeque.
Para pessoas próximas à família Bolsonaro, Mendonça usou o caso de Daniel Silveira para se posicionar dentro do STF e buscar o respeito de seus pares na Corte.