Suspeito de triplo homicídio tentou vender TV de casal de vítimas
Luciano Alberto de Oliveira é apontado como o responsável pelo assassinato de sua mulher, Erica Suenia Santos Pereira, o tio dela e a mulher dele
Horas antes do triplo homicídio ocorrido em Macaé, no Norte Fluminense, na madrugada deste sábado, o principal suspeito pela autoria do crime, Luciano Alberto de Oliveira, de 43 anos, passou na casa de duas das vítimas — o casal José Ferreira dos Santos, tio da mulher de Luciano, e Adina de Luna Silva, mulher de José — e tirou fotos da televisão que pertencia a eles, uma SmarTV, para depois anunciá-la no Facebook. A informação é de Heloísa de Luna, prima de Erica Suenia Santos Pereira, que era casada com Luciano e também foi morta naquela data. Erica foi assassinada a facadas em sua residência e teve o corpo escondido na geladeira. Já seu tio, José Ferreira, e Adina de Luna, mulher de José, foram mortos a marretadas em casa.
Segundo as testemunhas, o anúncio da venda da TV nas redes sociais se relaciona com uma suspeita da família de Erica de que ela e Luciano estariam envolvidos com o uso de drogas. Os parentes da mulher do suspeito acreditam que ambos eram usuários de cocaína, e que, devido ao vício, Luciano teria, inclusive, contraído dívidas junto a agiotas. Além disso, de acordo com a família da vítima, Luciano também já tinha agredido Erica em 2010.
"Eles eram casados há 20 anos. Moravam em Duque de Caxias. Vieram para Macaé há uns três, quatro anos. Ele vendeu a casa dele lá e veio para cá. Ele não trabalhava, só quem trabalhava era ela. Ela tinha 39 anos e não tinha filhos", informa Heloísa. "Ele tinha passagem pela polícia por agressão física contra ela, em 2010. Só que ela não falava, ficava quieta".
De acordo com Heloísa, Erica e Luciano tinham uma relação próxima com José e Adina:
"Ele (Luciano) tinha muito vínculo com o casal que morreu. Ele fazia tudo: ia para banco, recebia dinheiro, levava a Adina, que é minha tia, para fazer compras... Ele que fazia a vistoria do carro, levava o carro para poder consertar. Ele que dirigia o carro do meu tio, porque o meu tio não sabia dirigir, não tinha carteira. Ele vivia lá. Comia, bebia, fazia churrasco... Era muito íntimo e próximo. Era como um filho".
Depois de dopar a mulher com remédio para dormir e assassiná-la a facadas, Luciano foi para a casa de José e Adina, diz a prima de Erica:
"Um dia antes do crime ele tinha comprado uma marreta na casa de construção aqui do mesmo bairro. Ele ligou pra minha tia perguntando se ela estava em casa, porque ele queria entregar os documentos do carro e um dinheiro para ela. Quando ele chegou à casa da minha tia, bem provável que o Assis (apelido de José) já estivesse lá. Ele teria, então, matado o Assis com a marreta nesse momento. Mas, pelo que sabemos dos fatos, não foi com a marreta que ele comprou. Foi a própria marreta do meu tio, porque o meu tio tinha um quarto com ferramentas. E o corpo do meu tio estava no quarto onde estavam as ferramentas. Ele matou o meu tio no quarto e logo depois a Adina chegou. E o corpo dela foi encontrado na cozinha, do lado de fora, onde ficam a churrasqueira e a piscina".
Segundo Heloísa, os corpos das vítimas foram achados à noite, por volta das 23h. Naquele mesmo dia, pela manhã, Luciano teria passado na casa de José e Adina para fotografar a televisão que pôs à venda.
"Ele (Luciano) planejou tudo. Cedo, ele tinha passado na casa do casal (José e Adina), tirou foto da televisão e anunciou no Facebook que estava vendendo, uma TV Smart. E veio um casal de Cabo Frio para comprar essa TV. Nessa hora, ele já tinha matado o Assis e a Adina. Ele matou os dois, tomou banho, trocou de roupa e ainda tomou uma cerveja, porque deixou o copo de cerveja na sala. O casal que ia comprar a TV perguntou se ele queria ajuda para pegar a televisão, e aí ele ficou com medo. Pegou o carro do meu tio, José, e fugiu", diz a testemunha.
Após assassinar José e Adina, Luciano teria ido ainda à casa da mãe de Erica, Antônia. Lá, ele teria tentando matar a sogra e o neto com quem ela mora, Cléber. Heloísa afirma que Luciano chegou a desferir golpes de marreta em ambos, mas não conseguiu matá-los. Cléber e Luciano teriam travado uma luta corporal, e Cléber conseguiu roubar a marreta. Depois disso, Luciano teria pulado o muro da casa e fugido com o carro roubado de José rumo à capital do Rio, onde foi encontrado morto na madrugada deste domingo.
"Ele estava usando drogas e pediu dinheiro emprestado para agiotas", afirma Heloísa. "Descobrimos que ele e Erica estavam usando cocaína. Só que ele mesmo não ia à boca comprar, ele mandava um rapaz para comprar para ele. Em relação à causa da morte, ninguém sabe exatamente o motivo".
Entenda o caso
O triplo homicídio ocorreu na madrugada de sábado, dia 12. A Polícia Militar informou que foi acionada para checar um duplo homicídio na Estrada Virgem da Santa, e ao chegar no local os agentes encontraram um casal de idosos já sem vida.
Testemunhas disseram que o homem apontado como responsável pelo crime estava em uma residência próxima ao local. Ao chegar à casa, os policiais encontraram o corpo da mulher do suspeito em uma geladeira. Outras duas pessoas que teriam sido atacadas pelo mesmo homem com uma marreta foram socorridas e levadas para o hospital.
De acordo com o portal G1, o laudo do IML apontava que Erica, esposa do suspeito, foi morta a facadas. As outras vítimas, tios da mulher, apresentavam sinais de ferimento por marreta. Também sofreram hemorragia cerebral, fraturas de crânio e ação contundente.
O suspeito, segundo a polícia, já tem anotações criminais por lesão corporal e violência doméstica. Como informou a família, além do triplo homicídio, Luciano teria tentado matar o sobrinho e a mãe de Erica. De acordo com Heloísa, a mãe precisou levar pontos na cabeça, mas ambos estão bem.
Suspeito é encontrado morto
Luciano foi encontrado morto na madrugada deste domingo, dia 13, em um quarto de motel na Tijuca, Zona Norte do Rio. A Polícia Civil está investigando as circunstâncias de sua morte e, de acordo com informações, o corpo foi encontrado por volta das 2h da madrugada e estava com um lençol amarrado no pescoço, numa atitude típica de enforcamento.
A polícia foi comunicada pelo próprio gerente do motel e as investigações estão a cargo da 19ª DP (Tijuca). Foi feita uma perícia no hotel, requisitadas imagens das câmeras do estabelecimento e testemunhas estão sendo ouvidas.