Filha acusa médico de fugir depois de não reanimar mãe após hidrolipo
Rosimery de Freitas Dario, de 50 anos, voltou à clínica no dia seguinte ao procedimento e morreu no local
Filha da comerciante Rosimery de Freitas Dário, Larissa de Freitas conta que viveu momentos de horror na Clínica de Estética Cemear, em Duque de Caixas, na última terça-feira. A mãe, que havia passado por um procedimento estético no dia anterior, retornou à unidade após se sentir mal e morreu no local . Larissa afirma que o médico Ronald Renti da Rocha, que havia feito a cirurgia, fugiu após não conseguir reanimar a paciente e lhe deixou com o corpo da mãe, sem aguardar o socorro do Samu.
Após perceberem a fuga, os parentes foram verificar os medicamentos utilizados pelo médico e viram que o frasco de Androcortil estava fora da validade. O medicamento é à base de hidrocortisona e utilizado para tratar choque séptico (falência circulatória aguda de causa infecciosa), entre outras doenças. Marido de Rosimery, Alcimar Dario seguiu então para a 59ª DP, no Centro de Caxias, para comunicar à polícia o que aconteceu. Ao chegar, encontrou o médico acompanhado de dois advogados.
Enquanto isso, uma mulher apontada como esposa de Ronald chegou à Clínica Cemear e tentou recolher todo o material do médico em caixas de papelão para tirar do lugar. Larissa e o marido impediram a ação e gravaram vídeos da mulher tentando sair da clínica.
"Ele matou a minha mãe e fugiu. Eu entrei em desespero e perguntei se ele havia matado a minha mãe. Ele disse que sim, pediu para a gente aguardar a ambulância e saiu. Meu pai viu que o socorro estava demorando e, ao olharmos a injeção que ele aplicou na minha mãe, constatamos que estava fora da validade. Meu pai então me pediu força e disse que iria para a delegacia. Chegando lá, o médico já estava com dois advogados. Eu fiquei na clínica abraçada com a minha mãe morta das 13h às 19h40", relatou Larissa.
Dona de uma mercearia no bairro Olavo Bilac, em Duque de Caxias, onde também morava, Rosimery é descrita pela filha como uma mulher muito apegada à família e vaidosa. Este era o segundo procedimento que a comerciante fazia. Há três anos, fez uma lipo nas costas em outra clínica, e nesta semana foi fazer a barriga na Cemear, após a filha também ser operada por Ronald Rocha.
"Minha mãe era muito vaidosa, amava praia. Ela foi operar lá por que eu tinha feito com ele há dois anos, então ela tomou coragem de fazer com ele. A clínica vivia muito lotada, o médico estava muito divulgado. A gente nunca ia imaginar uma fatalidade dessa. Ela estava muito feliz, tinha comprado roupas, biquínis. Nem chegou a usar", lamentou Larissa.
A família de Rosimery está aguardando a liberação do corpo para fazer a cremação. As cinzas serão jogadas na cidade de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, onde dona de casa costumava ir. Por enquanto, os parentes procuram uma forma para contar o que ocorreu aos netos, a quem ela era muito apegada.
"A gente vai jogar as cinzas em Arraial do Cabo, pois era o desejo dela. Com muito suor, ela e meu pai compraram uma casinha lá, que era o xodó dela. Era uma excelente avó, meus filhos têm loucura pela minha mãe. O meu mais velho é especial, e a gente não sabe como contar para ele."
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte de Rosimery. O médico Ronald Renti da Rocha prestou depoimento no dia da morte e foi liberado, mas deve ser chamado novamente. Os parentes da vítima também vão depor. A Clínica Cemear foi periciada na noite de ontem e está temporariamente fechada. O delegado responsável pelo caso aguarda os laudos para verificar se o local era apropriado para realização de procedimentos estéticos.
Este é o segundo caso de morte de pacientes após procedimentos estéticos em pouco mais de um mês. Em dezembro passado, a diarista Maria Jandimar Rodrigues morreu também após realizar um procedimento de hidrolipo em uma clínica na Zona Norte do Rio.