Bolsonaro contraria OMS e diz que 'a Ômicron não tem matado ninguém'
Apesar da Organização Mundial da Saúde dizer que nova variante não deve ter sua potência subestimada, o presidente do Brasil considera nova cepa "bem-vinda"
Na manhã desta quarta-feira (12), durante entrevista à Gazeta Brasil, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de afirmações sobre a variante ômicron, que tem preocupado as autoridades de saúde do país e de todo o mundo.
Segundo o presidente, a nova cepa não tem matado no Brasil e pode até ser considerada "bem-vinda" no país, uma vez que sua alta transmissibilidade não resulta em um alto número de mortes.
"A Ômicron não tem matado ninguém. O que morreu aqui em Goiás não foi de Ômicron. Na verdade, foi ‘com Ômicron’, não foi ‘de Ômicron’. Ele já tinha problemas seríssimos, em especial nos pulmões. Acabou falecendo”, disse o presidente.
Segundo o consórcio dos veículos de imprensa, a média móvel de mortes por Covid cresceu cerca de 30% nos últimos dias, em meio ao avanço da ômicron pelo país.
Para o presidente, a alta transmissibilidade associada à baixa letalidade pode significar que a nova variante seja o fim da pandemia. Até o momento, não existem estudos que comprovem essa afirmação.
“As próprias pessoas que entendem de verdade dizem que ela tem uma capacidade de se propagar muito grande, mas de letalidade muito pequena. Dizem até que seria um vírus vacinal. A Ômicron é bem-vinda e pode sinalizar o fim da pandemia",
disse o presidente.
Imunidade rebanho
Jair Bolsonaro também defendeu a chamada imunidade de rebanho, ou seja, quando a proteção coletiva consegue frear o avanço da doença. O mandatário defende que essa proteção pode ser atingida sem o esquema vacinal contra a Covid-19.
"O que está mais salvando no Brasil é a imunidade de rebanho. Eu, por exemplo, não estou vacinado. E estou muito bem” , afirmou. “A imunidade de rebanho é uma realidade. A pessoa que se imuniza com o vírus tem muito mais anticorpos do que com vacina.”
Contrariando a OMS
Ao contrário das afirmações de Bolsonaro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera distante a possibilidade da imunização de rebanho colaborar para o fim da pandemia.
No ano passado, a Cientista-chefe da OMS, Soumya Swanminathan, disse que pelo menos 60% da população mundial deve estar vacinada contra o vírus para que a imunização natural tenha efeito. Até o momento, 50% da população mundial está vacinada com duas doses, mas apenas 7,1% recebeu a dose de reforço.
Outro contraste entre o presidente do Brasil e a OMS é sobre a letalidade da variante ômicron. A Organização Mundial da Saúde alertou na semana passada que a nova cepa não deve ser considerada "mais branda", pois já vitimou pessoas em vários países.
"Embora a ômicron pareça ser menos grave em comparação com a delta, especialmente entre os vacinados, isso não significa que ela deva ser classificada como branda ", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva na última quinta-feira (6).