Boxeador morto: ‘Se algum policial errou, será punido’, diz governador
Jovem foi atingido por um tiro no peito; policiais dizem que houve confronto e família nega
Horas após a morte do lutador de boxe e Muay Thai , Vitor Reis de Amorim, de 19 anos, executado na tarde de ontem em um bar do bairro Patronato, em São Gonçalo, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), afirmou que a Polícia Civil vai apurar se os militares que estavam na ação erraram na ação que vitimou o jovem e afirmou que “se (algum policial) errou, será exemplarmente punido”. Familiares de Vitor acusam os policiais de o matarem. Por sua vez, a corporação diz que os agentes foram atacados durante um patrulhamento. A família nega a troca de tiros. A Corregedoria Interna da PM abriu um inquérito para apurar o que aconteceu.
"(O caso) já está na Polícia Civil. Eu não comento investigação. Essa é a polícia que mais pune quem não faz bem feito (que não cumpre a lei) e que erra. Se (algum dos agentes) errou, será punido. Mas, eu nunca condeno antes do devido processo legal. Minha postura será essa. Sou favorável à polícia. Mas, não pode cometer excesso. Se errou, será exemplarmente punido. Se não errou, não terá condenação antecipada", disse Castro na manhã desta quarta-feira, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.
Segundo a Polícia Militar, agentes do 7º BPM (São Gonçalo) faziam patrulhamento pela Rua Mendes Ribeiro, no bairro Patronato, quando foram atacados a tiros por um grupo de homens armados e revidaram. Os policiais encontraram um homem ferido que foi socorrido para o pronto socorro de São Gonçalo, mas não resistiu. Ainda de acordo com a corporação, uma pistola, munições e um rádio comunicador foram apreendidos no local e os suspeitos fugiram. O caso foi registrado na 73ª DP (Neves). Por sua vez, em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo, o pai do jovem, Vanelci Ferreira, disse que não havia troca de tiros.
"Não teve troca de tiros nenhuma. Eles chegaram e deram o tiro. O policial preparado não faz o que ele fez. Atirar pelas costas. Matar uma criança, 19 anos, pra mim é uma criança. Pelas costas, é despreparado. Tem que fazer o trabalho? Tem. Se ele rendesse o meu filho, meu filho não estava morto. Porque ele não ia achar nada demais. Nada de errado no meu filho. Ele ia até pedir desculpas", disse Ferreira.
O porta-voz da PM, Tenente-Coronel Ivan Blaz, disse que a corregedoria da corporação também atua na apuração do caso e que há uma "guerra de narrativas" entre os policiais e a família do jovem:
"A Polícia Militar já colocou a corregedoria para atuar diretamente nas apurações do caso desse confronto armado em São Gonçalo que resultou na morte de Vitor, de 19 anos. A gente tem nesse momento uma guerra de narrativas em que nós temos a versão dos policiais e a versão da família. Os policiais alegam que foram alvos de tiros de marginais e que houve um confronto. E a família alega que não havia qualquer confronto e que Vitor estava desarmado. Logicamente, a gente precisa agora fornecer todos os dados necessários para a perícia", explicou Blaz.
A Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo, onde Vitor foi socorrido, disse que o jovem deu entrada no Pronto Socorro já morto às 16h37 da última terça-feira com um tiro na região peitoral à esquerda.
Segundo a Polícia Civil, as armas dos policiais militares foram recolhidas para análise, e familiares da vítima vão ser ouvidos ainda. Os agentes estão em busca de testemunhas.
Nas redes sociais, amigos de Vitor lamentaram a morte do jovem: "Você era inspiração pra toda molecada do morro, todo mundo se espelhava em você. Um amigo de infância com um futuro brilhante no esporte. Perder a vida assim de forma tão cruel dói o coração. Pode deixar que seu afilhado vai saber que você era um grande guerreiro", escreveu um amigo. "Mais um sonho interrompido pela polícia", publicou outro amigo com um vídeo em que Vitor comemora a vitória em uma competição.