Caso Henry: Pai de Jairinho questiona lesões encontradas no menino

Ex-vereador do Rio de Janeiro é réu no processo do assassinato da criança, junto com a professora Monique Medeiros

Foto: Reprodução
Caso Henry: Pai de Jairinho questiona lesões encontradas no menino

Terceira pessoa a ser ouvida, na última terça-feira (14), na sessão de julgamento do processo que apura a morte do menino Henry Borel, Jairo de Souza Santos, o Coronel Jairo, levantou suspeitas sobre o laudo do IML que apontou 23 lesões no corpo da criança. Coronel Jairo é pai do ex-vereador Jairinho, réu no processo junto com Monique Medeiros.

Coronel Jairo disse que esteve no hospital Barra D'Or, para onde Henry foi levado no dia 8 de março, data da sua morte.

"Quando eu cheguei, a Monique estava em choque olhando para a a criança. Eu ajoelhei, peguei na mão dela e coloquei a mão no coração do Henry e comecei a orar para que ele voltasse. Não havia nenhuma equimose no corpo da criança, nenhuma lesão. Eu penteei o cabelo dele umas três, quatro vezes, e não havia nenhum ferimento. Os médicos e enfermeiras também não relataram ferimentos. Depois, o corpo vai para o IML e o laudo sai com 23 lesões. Alguém está mentindo, ou o pessoal do hospital ou os peritos do IML", questionou Coronel Jairo.

Perguntado se havia conversado com o filho sobre o que teria acontecido na noite da morte de Henry, Coronel Jairo disse que sim, e que o filho havia respondido que estava dormindo.

"Ele toma remédios para dormir com prescrição médica há 10 anos. Ele me disse que estava dormindo. E que houve um barulho no quarto. Quando foram ver a criança estava caída. O Jairinho socorreu o menino, mas esse vídeo sumiu e só apareceu dois meses depois. Ele não mostra a criança ferida", disse Coronel Jairo.

Coronel Jairo disse também que não acredita que Monique tenha provocado a morte do menino: "Pelo comportamento dela em relação ao filho eu acho que ela jamais faria isso. Os filhos são a razão de nossos vidas. Esse cara que está aí é a razão da minha vida", disse Coronel Jairo, se dirigindo para Jairinho, que começou a chorar.

Jairinho foi 'criado na poesia'

Para justificar o perfil não violento do filho, Coronel Jairo disse que Jairinho foi "criado na poesia":

"Eu sou coronel, mas sou poeta também. Tenho livro publicado e fiz poesia para cada filho que tenho. Jairinho nunca levantou a mão para bater em seus filhos, em hipótese alguma. Ele foi criado na poesia".

Na tréplica, o advogado de acusação Igor de Carvalho lembrou que Hitler tinha dotes artísticos: "O senhor sabia que Hitler era pintor? O interesse pela arte não é uma condição que impeça a pessoa de cometer crimes".


Coronel Jairo também foi perguntado sobre a relação entre Jairinho e Monique. O pai de Jairinho disse que Monique chamava Jairinho de 'príncipe'.

"Nunca soube de problemas entre eles. Inclusive após a morte do Henry eles foram lá em casa e não havia qualquer animosidade entre eles. Ela sempre dizia que o Jairinho era um príncipe".

Após o depoimento de Coronel Jairo, a sessão foi suspensa para almoço.