RJ: estudante mantida em cárcere privado fala sobre "dias de tortura"

Acusado foi preso na última segunda por policiais da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias

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Estudante mantida em cárcere privado no Rio de Janeiro fala sobre 'dias de tortura'

"“Foram três dias e três noites de tortura." O relato é da estudante - que não terá seu nome revelado -, de 23 anos, que foi mantida em cárcere privado em uma casa em São João de Meriti, na  Baixada Fluminense, pelo homem com quem se relacionava há 2 meses. Acusado do crime, Ueligton Silva do Nascimento, de 40 anos, foi preso ontem, por policiais da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias.

Antes de se relacionar com o agressor, a vítima foi casada por cinco anos com um homem com quem teve dois filhos, hoje com 4 e 2 anos. Na época, Ueligton era vizinho do casal. Ela acabou seduzida por ele e decidiu largar o marido para iniciar um novo romance.

"Meu relacionamento estava desgastado, não tinha mais vida. Foi quando ele apareceu e eu acabei me encantando", afirma a jovem.

Com o tempo, no entanto, ela passou a se incomodar com os hábitos do homem, que segundo ela é usuário de drogas e consome bebida alcóolica em exagero. Arrependida do que fez, a estudante enviou uma mensagem de áudio a uma amiga dizendo que queria reconstruir sua família.

"Eu disse a ela que estava sentindo falta da família,porque como eu tinha tranquilidade em casa, uma paz", conta.

Ueligton ouviu a mensagem e ficou furioso. Na segunda-feira (29) por volta das 17h, segundo a vítima, ele deu início às agressões. Também trancou a porta e colocou lençóis nas janelas para que os vizinhos não vissem o que estava ocorrendo no interior da casa.

"Ele me deu socos, pontapés, usou uma faca para me furar. Também jogou meu filho contra a parede. Ele está traumatizado", diz a vítima.

Por causa dos hematomas, ela não consegue abrir o olho esquerdo e teme perder a visão. A estudante só conseguiu sair da casa na quarta-feira, quando uma prima do agressor foi até a casa e percebeu o que estava acontecendo.


De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, titular da Deam de Duque de Caxias, a jovem procurou a unidade especializada na noite de quinta-feira para denunciar o caso.

"No dia seguinte, após diligências, foi representada pela prisão temporária e, desde esta data, o autor já foragido, vinha sendo procurado pela Polícia, sendo preso na data de hoje (ontem, segunda-feira), após trabalho de inteligência da Equipe da Deam Caxias", afirma a delegada.

O acusado vai responder pelos crimes de tortura e cárcere privado, e pode pegar até 13 anos de cadeia.