PF destrói 69 balsas de garimpo no Rio Madeira; ministro comemora ação
Bolsonaro parabenizou o ministro da Justiça pela operação que deve continuar neste domingo. Clima é de tensão e revolta dos garimpeiros que se dispersaram em fuga para Rondônia
Pressionado pela demora na ação de combate à "Serra Pelada flutuante" que se formou no Rio Madeira, o ministro da Justiça, Anderson Torres, celebrou a operação que resultou na destruição de 69 balsas ocorrida neste sábado (27) - a operação que conta com homens do Ibama e da Força Nacional ainda deve prosseguir neste domingo. Foi a maior operação realizada contra o garimpo ilegal desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, que já se manifestou contrário à queima de maquinário e favorável à exploração de minério em áreas de reserva na Amazônia.
"Ministério agiu imediatamente contra o crime. Operação planejada rápida, e executada eficientemente", escreveu Anderson Torres em perfil no Twitter. Na mesma rede social, Bolsonaro o parabenizou pela ação.
A operação ocorre num momento em que o governo é pressionado pela comunidade internacional pelas altas taxas de desmatamento na Amazônia. Em 18 de novembro, Torres lamentou o aumento de 22% no índice de mata derrubada contabilizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais e, no mesmo dia, prometeu "força total" contra o crime ambiental.
🚨🚨Conforme determinei, o @JusticaGovBR agiu imediatamente contra o crime. Operação planejada rápida, e executada eficientemente. Somente hoje (17), a @policiafederal e o @brasil_IBAMA já destruíram 69 balsas em mineração ilegal na Amazônia! Parabéns a todos os envolvidos! pic.twitter.com/7XPJSnuYv8
— Anderson Torres (@andersongtorres) November 28, 2021
Cinco dias depois da declaração do ministro, um comboio de centenas de balsas de garimpo atracou em frente à cidade de Autazes, a 120 quilômetros de Manaus, e começou a revirar o fundo do rio em busca de ouro. Eles não tinham nenhuma licença do Estado para fazer a intervenção no rio, que funciona como uma hidrovia na ligação entre a capital amazonense e Porto Velho.
Sem serem incomodados pelas autoridades, os garimpeiros realizaram a atividade irregular durante três dias, remexendo com as dragas o fundo do rio e extraindo o ouro de pedaços de terra e rocha com o uso do mercúrio, que é altamente tóxico. Até que na sexta-feira eles começaram a se dispersar em direção a Rondônia com a expectativa de uma megaoperação do governo federal.
A operação se iniciou na madrugada deste sábado, com helicópteros decolando de Manaus e duas lanchas com três motores cada indo atrás dos garimpeiros em fuga. O resultado foi de 69 balsas destruídas. Agentes da PF incendiaram 38, enquanto o Ibama, 31. A ação deve continuar neste domingo.
As cidades do entorno do Rio Madeira foram reforçadas com tropas da Força Nacional, que vieram de Brasília, para evitar a possibilidade de uma reação violenta por parte dos exploradores. Em 2017, um grupo de garimpeiros incendiou a base do Ibama em Humaitá, que fica às margens do Rio Madeira, em protesto contra ações de fiscalização ambiental na região.
Nos últimos dois anos, as ações de combate ao desmatamento vinham sendo coordenadas pelas forças militares, que consumiram mais de R$ 550 milhões nas ações, sem conseguir reduzir os índices de destruição da floresta amazônica. Agora, as operações passaram a ser concentradas nas mãos do Ministério da Justiça.