A pedido do governo Bolsonaro, Leite tentou evitar que Doria iniciasse vacinação
Adversário de Doria nas prévias do PSDB, ele disse que pedido surgiu porque era necessário a criação de uma campanha vacinal, inexistente na época
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, admitiu que pediu ao governador paulista, João Doria, seu adversário nas prévias do partido para a corrida presidencial de 2022, para adiar o início da vacinação contra o coronavírus.
Leite revelou que telefonou para Doria a pedido do ministro Luiz Eduardo Ramos, então secretário de Governo, para ajustar a vacinação à campanha nacional que sequer existia à época.
O episódio ocorreu 40 minutos antes do governador de São Paulo dar início à vacinação no estado, dia 17 de janeiro, quando a enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose da Coronavac, imunizante fabricado pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
“Houve uma conversa nessa direção, não foi um pedido de intervenção, mas um pedido de reflexão. Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.
Leite também assumiu que mantém em seu governo secretários alinhados com o presidente Jair Bolsonaro. “Acho que são menos agora. A gente busca fazer a composição diante da escolha que a sociedade fez. Política é a arte de convivência. Eu governo para quem votou e não votou”, disse.