Vereadora de Campinas sofre ofensa racial durante sessão; Câmara investiga caso
Paolla Miguel (PT) fazia um discurso sobre conselho e fundo de valorização da comunidade negra quando foi chamada de 'preta lixo' nesta segunda-feira
A Câmara de Campinas (SP) abriu uma investigação sobre uma ofensa racial contra a vereadora Paolla Miguel (PT), que ocorreu durante seu discurso na sessão da noite desta segunda-feira (8). As informações são do G1.
A ofensa partiu da área do público e aconteceu no momento em que ela fala sobre um projeto que trata do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra e um Fundo Municipal de Valorização da Comunidade Negra.
O presidente do Legislativo, vereador Zé Carlos (PSB), solicitou a análise das imagens gravadas pela TV Câmara para tentar identificar o autor da ofensa. Outros vereadores reagiram após ouvirem Paolla ser chamada de "preta lixo".
"Alguém na plateia disse uma besteira. Nós estamos gravando a sessão. Nós vamos buscar as imagens, e quem falou vai pagar [...] Já vieram três vereadores falar aqui do racismo que aconteceu aqui dentro. A TV Câmara grava neste momento e já vai separando essas imagens. Quem fez isso vai pagar. A gente está pedindo com educação. As imagens falam por si, fiquem tranquilos. Eu vou expor aqui na Câmara quem falou essa bobagem", disse o presidente do Legislativo. Até o momento, ninguém foi detido.
Segundo a Câmara, testemunhas e parlamentares devem ser ouvidos durante as investigações.
"Absurdo [...] Ouvimos pessoas no plenário gritando 'preta lixo'. Vamos pegar as gravações, vamos atrás, porque esse tipo de manifestação é crime", ressaltou o parlamentar Gustavo Petta (PCdoB)em entrevista ao G1.
Ao g1, Paolla disse fará o registro de um boletim de ocorrência nesta terça-feira (9). Ela ainda disse que é difícil reconhecer quem fez a ofensa por causa do uso de máscara, mas que acredita que ela tenha partido de uma voz feminina.
"É muito triste estar discutindo sobre o Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra e sofrer justamente esses ataques. Me desconcentrei... É um absurdo sentir que esse espaço que a gente ocupa não representa muita coisa. Mesmo sendo eleita, a gente não consegue ter respeito. Justamente no Mês da Consciência Negra... Estou abalada, foi muito rápido", disse a vereadora.