Pandemia aumenta número de pessoas nas ruas; SP registra 66 mil, diz ONG

Número é quase três vezes maior do que o total do censo oficial de dois anos atrás; população teme falta de políticas públicas permanentes para combater a fome

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São mais de 700 pessoas em busca de marmitas

A fila começa às 11h no alto da rua José Bonifácio, perto da Sé. Uma hora e meia depois, dá a volta pela São Bento e termina na frente da prefeitura de São Paulo . São mais de 700 pessoas em busca de marmitas. O Brasil que sobe a ladeira da rua batizada com o nome do Patriarca da Independência é preto, pardo, branco, doente, grávido, velho, novo, de todos os gêneros. E faminto.

Cálculo do Movimento Estadual da População em Situação de Rua (MEPSR-SP) dá conta de que já são mais de 66 mil pessoas sem teto na cidade mais rica do país, quase três vezes mais do que o total do censo oficial, de dois anos atrás. É a população de uma cidade como Andradina, no interior de São Paulo, Três Pontas, em Minas, ou Paracambi, no Rio.

"A Covid passa, mas a fome não. Uma refeição agora não sai por menos de R$ 15. O novo normal, para a gente, pode ser um novo desastre", diz Lafaiete Oliveira, 50 anos, gerente de obras desempregado.

população que está nas ruas de São Paulo teme que o ruim fique pior. E que o bem-vindo enfraquecimento da pandemia sepulte programas emergenciais, sem a implementação de políticas públicas permanentes para combater a fome.