'Que a verdade comece a ser esclarecida', diz pai de Henry sobre audiência
Sessão será dedicada às testemunhas de acusação, entre elas o próprio Leniel Borel; Jairinho e Monique, mãe do menino, são réus pela morte da criança
Leniel Borel, pai de Henry Borel, morto aos 4 anos em março deste ano, aguarda com expectativa e apreensão a primeira audiência de instrução do julgamento em que o médico e ex-vereador Jairo Santos Santos Júnior, o Doutor Jairinho, padrasto do menino, e sua ex-namorada, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, mãe da criança, são réus pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificados, além de fraude processual e coação no curso do processo.
Além da saudade do filho, o engenheiro teme que testemunhas de acusação que não foram localizadas pela Justiça não compareçam à sessão, colocando em risco a continuidade do caso.
O próprio Leniel é uma das 12 testemunhas que irá prestar depoimento nesta quarta-feira, no plenário do II Tribunal do Júri, no Fórum da capital, no Centro do Rio. Ele ficará na mesma sala que a ex-esposa Monique, que deixará o presídio onde se encontra desde 8 de abril para se fazer presente na audiência.
Jairinho, por outro lado, só estará no local virtualmente: ele participará da audiência por videoconferência, em virtude de uma solicitação feita pela defesa do ex-vereador. No pedido remetido à Justiça, os advogados explicaram que, por causa da pandemia da Covid-19, sempre que o preso deixa a unidade prisional e retorna, precisa ficar em quarentena.
Confira, abaixo, a entrevista de Leniel:
Qual sua expectativa para a primeira audiência?
Que a verdade comece a ser esclarecida. Estou lutando diariamente para que a Justiça seja feita e os dois monstros que assassinaram brutalmente meu filhinho sejam punidos.
Como você acredita que as testemunhas de acusação irão se comportar?
Posso dizer o que espero. E eu espero que as testemunhas se sensibilizem e compareçam para contribuir com informações sobre a morte do Henry. E que falem toda a verdade que sabem sobre o que aqueles dois monstros fizeram e articularam desde o dia 8 de Março (data da morte) até o presente momento.
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A falta de alguma delas, que não conseguiram ser intimadas, lhe preocupa?
Com certeza. É estranho tantas testemunhas não serem localizadas. Causa muita apreensão não saber o que está acontecendo para não comparecerem, ainda mais sabendo da influência política e do passado agressivo do Jairo.
O que você espera dos próximos passos do processo?
Que Monique e Jairo sejam pronunciados pelos crimes bárbaros e cruéis que cometeram e condenados na proporcionalidade dos crimes contra o Henry.
Hoje, sete meses depois da morte do Henry, como você está?
Henry com 4 anos já demonstrava que faria diferença na sociedade e esses assassinos me impediram de sentir orgulho do bem mais precioso da minha vida, de poder acompanhar o crescimento da criança mais amorosa que conheci. Hoje me sinto como se estivesse amputado, a melhor parte de mim não está mais aqui do meu lado. Só Deus para confortar todo dia e me ajudar a seguir em frente, até que um dia possa encontrá-lo novamente lá no céu.