Renan inclui presidente do Conselho Federal de Medicina na investigação da CPI
Relator da comissão citou 'apoio ao negacionismo' e 'omissão diante de fatos criminosos' por parte de Mauro Luiz de Brito Ribeiro
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), incluiu o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Brito Ribeiro, na lista de investigados da CPI.
— Pelo apoio ao negacionismo, pela maneira como deu suporte à prescrição de remédios ineficazes e os defendeu publicamente, e pela omissão diante de fatos evidentemente criminosos, queria elevá-lo à condição de investigado — disse Renan.
A comissão também aprovou alguns requerimentos de informação. Um deles, de autoria de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é dirigido ao ministro da Economia, Paulo Guedes. O senador quer que ele responda uma lista de 21 perguntas, entre elas quais estudos e estimativas basearam a previsão de R$ 7,1 bilhões para o enfrentamento à pandemia no orçamento de 2022. Também quer que ele explique se tinha conhecimento do protocolo de atendimento precoce sem eficácia comprovada da Prevent Senior, e se manteve contato com representantes da empresa.
Randolfe questionou ainda o que Guedes acha da tese da "imunidade de rebanho", se tem conexões com o chamado gabinete paralelo, e se ele e sua família se vacinaram no Brasil. Quer ainda que ele dê explicações sobre sua participação na discussão da medida provisória que facilitaria a compra de vacinas, mas ficou sem um trecho que transferia riscos pelos efeitos adversos das empresas farmacêuticas para a União. Esse ponto era uma exigência, por exemplo, da Pfizer, foi aprovada apenas meses depois por iniciativa do Congresso.
Na semana passada, em depoimento à CPI, a advogada Bruna Morato, que defende 12 médicos ligados à Prevent Senior, fez uma relação entre a Prevent Senior e os interesses do Ministério da Economia.
— O doutor Pedro [Pedro Benedito Batista Júnior, diretor da Prevent Senior] foi informado de que existia um conjunto de médicos assessorando o governo federal e alinhado com o Ministério da Economia — disse Bruna, acrescentando: — Existe um interesse do Ministério da Economia para que o país não pare e, se nós entrarmos no sistema de lockdown, teremos um abalo muito grande. Existia um plano para as pessoas saírem para a rua sem medo. Eles desenvolveram uma estratégia. Qual? Através do aconselhamento de médicos. Era Anthony Wong, toxicologista, a doutora Nise Yamaguchi, especialista em imunologia, o virologista Paolo Zanotto. E a Prevent Senior iria entrar para colaborar com essas pessoas.
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Em seu requerimento, Randolfe pergunta: "A respeito do, notoriamente conhecido, “kit covid” prescrito e/ou distribuído a pacientes com Covid-19 (ou seus sintomas), segundo informações da CPI da Pandemia, haveria consenso entre as autoridades do governo e desse Ministério, que a melhora do quadro de saúde das pessoas contaminadas com o coronavírus teria impacto positivo na economia, apesar da falta de comprovação dos efeitos positivos dos correspondentes medicamentos. Tais informações são confirmadas pela pasta que representa?"
Também pergunta: "Haveria alguma ligação ou alinhamento entre as políticas econômicas (como um todo) do governo federal, Vossa Excelência, seu gabinete, autoridades sob sua subordinação hierárquica com donos, sócios, executivos, diretores, coordenadores ou guardiões (denominação dada a categoria hierárquica inferior aos coordenadores) da Prevent Senior e/ou de suas unidades clínicas, médicas, laboratoriais, executivas, de gestão ou administrativa, como um todo?"
Outro requerimento aprovado são para o governo federal repassar em até 48 horas informações sobre tratativas para fornecimento de vacinas de Covid-19 em 2022.