Caso Henry: Na delegacia, Monique comeu pizza e Jairinho fez piada, diz delegado

Relato sobre o comportamento do casal na delegacia deu origem a discussão entre delegado e advogado de defesa

Foto: Reprodução/ Tv Record
Dr. Jairinho e Monique Medeiros, acusados de matar o menino Henry Borel

O delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), primeira testemunha na fase preliminar do julgamento do homicídio de Henry Borel Medeiros , contou que no dia em que colhia o depoimento de Monique Medeiros, mãe do menino, ela se sentiu "completamente à vontade" na delegacia, tendo pedido pizza e até tirado selfie, como o GLOBO mostrou. Já o médico e ex-vereador Jairo Santos Santos Júnior, o Doutor Jairinho, padrasto da criança, fez piadas enquanto estava na 16ª DP.

"Monique se mostrou completamente à vontade, inclusive eles pediram pizza durante o depoimento na delegacia", disse o delegado Damasceno, relatando que o comportamento foi atípico durante depoimento em sede policial em 17 de março.

No momento em que o delegado relatava o comportamento do casal, houve uma discussão entre o advogado de Monique, Thiago Minagé, e o promotor Fábio Vieira.

No dia do depoimento, Monique também se preocupou com a roupa que iria usar na delegacia. Horas antes de chegar à 16ª DP (Barra da Tijuca), ela trocou ao menos duas vezes de roupa até decidir a combinação que usaria para depor. Fotos resgatadas em seu aparelho celular mostram que a professora experimentou um macacão preto, posou em frente ao espelho, e depois, depois de consultar um advogado, decidiu ir com um conjunto social branco.

Antes disso,  um dia após o enterro do filho, no cemitério do Murundu, em Realengo, a professora tinha ido a um salão de beleza em um shopping na Barra da Tijuca. No estabelecimento, ela foi atendida por três profissionais e gastou R$ 240 pelos serviços.

Em uma carta escrita em abril deste ano, quando já estava presa, Monique buscou desfazer algumas impressões sobre seu comportamento após a morte do filho. A defesa afirmou que a ida ao salão foi por pressão do político, que exigia que a professora, que tinha emagrecido e arrancado tufos de cabelos — ela usa megahair —, se mostrasse “apresentável”.

A fase preliminar do julgamento começou na manhã desta quarta-feira, com a primeira audiência de instrução do caso, no plenário do II Tribunal do Júri, no Fórum da capital, no Centro do Rio. Durante todo o dia, serão ouvidas 12 testemunhas de acusação: três policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), que desvendou a morte do menino, e nove pessoas que prestaram depoimento na delegacia durante as investigações. Dr. Jairinho e Monique são réus pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificados, além de fraude processual e coação no curso do processo. Eles estão presos desde 8 de abril.

Testemunhas

Serão ouvidos nesta quarta-feira pela juíza Elizabeth Louro Machado, titular do II Tribunal do Júri, os delegados Henrique Damasceno e Ana Carolina Medeiros, então titular e assistente da 16ª DP, e o inspetor Rodrigo Melo, também lotado na distrital. Também foram arroladas como testemunhas de acusação pelo promotor Fábio Vieira o pai da vítima, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, a babá Thayna de Oliveira Ferreira e a empregada doméstica Leila Rosângela de Souza Mattos.

Prestarão depoimento ainda três médicas do Hospital Barra D'Or, onde Henry foi atendido: Maria Cristina de Souza Azevedo, Viviane dos Santos Rosa e Fabiana Barreto Goulart Déléage. O executivo Pablo Meneses, vice-presidente de operações e relacionamento da Qualicorp e conselheiro do Instituto D'or de Gestão de Saúde, também foi convocado. A lista de testemunhas inclui, por fim, a cabeleireira Tereza Cristina dos Santos e a ex-mulher de Jairinho, a dentista Ana Carolina Ferreira Netto.