Comitê da ONU repudia Bolsonaro por promover criança com traje militar

Comitê dos Direitos da Criança do órgão internacional pede ao governo brasileiro a "suspensão imediata e urgentemente o uso de crianças vestidas com trajes militares para qualquer finalidade"

Foto: Reprodução
Bolsonaro com arma ao lado de criança

O Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU) repudiou o aparecimento do  presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acompanhado de uma criança com trajes militares durante um evento político na última semana. O mecanismo especial do órgão realizou um pronunciamento nesta terça-feira (05) e desaprovou o comportamento do mandatário, que viola compromissos internacionais assumidos. As informações são do jornalista Jamil Chade.

De acordo com o comitê, a entidade "condena com veemência o uso de crianças pelo presidente Bolsonaro, vestidas com trajes militares e com o que parece ser uma arma de fogo, para promover sua agenda política, mais recentemente em 30 de setembro de 2021".

No evento em questão, Bolsonaro participou de um evento público na capital mineira, em Belo Horizonte, e posou com uma criança fardada com os trajes da Polícia Militar e segurando uma arma de brinquedo.

"O Brasil é um Estado parte tanto da Convenção sobre o Direito das Crianças quanto de seu Protocolo Opcional sobre o envolvimento de crianças em conflitos armados, e tem a obrigação de garantir que as crianças não participem de hostilidades ou de qualquer atividade relacionada a conflitos", afirmou o comitê. "A circulação de imagens de tais crianças perpetua ainda mais os danos a elas causados e corre o risco de contribuir para a falsa percepção de que o uso de crianças em hostilidades é aceitável", ressaltou.

Embora o posicionamento da entidade não resulte em medidas contrárias ao Brasil, a prática causa um aumento do constrangimento internacional do presidente da República.


O grupo pede, ainda, a "suspensão imediata e urgentemente o uso de crianças vestidas com trajes militares para qualquer finalidade, remover tais imagens de todos os meios de comunicação e impedir sua posterior distribuição" e "solicita ao Brasil que se abstenha de cometer no futuro tais práticas que violam os direitos da criança e que divulgue amplamente informações sobre a Convenção e seus Protocolos Opcionais aos profissionais relevantes, bem como ao público em geral".