Com barraca improvisada, jovem recebe ajuda da internet e muda de vida

Ao publicar foto do empreendimento, Odorico Luiz Rocha recebeu inúmeros xingamentos, mas foi surpreendido com vaquinha on-line

Foto: Reprodução
Odorico da primeira barraca de lanches e agora na nova estrutura

Um jovem catador sofreu inúmeros xingamentos nas redes sociais depois de postar uma foto de seu novo empreendimento; uma banquinha de lanches em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Odorico Luiz Rocha, de 23 anos, improvisou uma barraca quando achou uma chapa na rua e viu uma oportunidade de gerar renda para sustentar a família.

Ao iG , Odorico conta que, com a pandemia, precisou trabalhar na reciclagem para ajudar sua família. Durante seu trabalho, ele encontrou a chapa que mudaria sua vida. “Enquanto eu trabalhava reciclando achei a chapa. Peguei, limpei ela toda e comecei a fazer lanche em casa pra aprender”.

Para dar início ao comércio, o rapaz revela que teve incentivo de sua esposa. “Chegou o dia da minha mulher receber o auxílio emergencial do Bolsa Família e ela pegou esse dinheiro e resolveu apostar em mim, me pedindo para comprar os materiais e tentar vender os lanches”, conta.

Odorico comprou coisas simples e começou a trabalhar, mas ao acessar as redes sociais, percebeu que sua forma de ganhar dinheiro havia virado chacota. “Começaram a falar que meu lanche era de ratazana, que eu sou louco... eu fiquei muito triste”, relata o jovem.

Apesar da repercussão negativa que o empreendimento teve, Odorico não deixou de vender os lanches e conseguiu dar continuidade ao empreendimento com ajuda de amigos da infância. 

Carlos Soares, de 26 anos, é dono de uma pizzaria em Nova Iguaçu. Ao iG , ele contou que reconheceu Odorico dos amigos da infância. Os dois se conheciam "da rua". Ao ver os comentários na publicação do amigo, Carlos decidiu que precisava ajudar. 

"Eu vi aquilo e achei um absurdo, pelo fato de que ninguém tem o direito de ser humilhado. Ainda mais assim, ser zoado de forma tão explícita nas redes sociais, onde uma coisa viraliza rápido", disse. 

De início, Carlos pensou em oferecer ao amigo uma oportunidade de emprego, mas percebeu que Odorico merecia ter o próprio empreendimento. Como não consegui entrar em contato direto com o amigo, Carlos decidiu contar a história e pedir ajuda para encontrá-lo com um post no Facebook. 

"Quando eu vi, a coisa viralizou. Um monte de gente compartilhamento, um monte de gente falando", contou. Foi por meio do post, que Odorico conseguiu a primeira doação: uma chapa de lanches nova. 

Com tantas pessoas dispostas a ajudar, Carlos decidiu abrir uma vaquinha on-line. Juntos, eles arrecadaram R$2.700 e reformularam toda estrutura da venda do Odorico. 

No período de dois dias, Carlos levou levou Odorico para cortar o cabeolo, comprar roupas novas, alimentos para casa, produtos para suas família e outras coisas necessárias para a barraca. 

"Fizemos uma inauguração muito legal com balões, tudo muito bonito e  organizado. Luva na mão para trabalhar, tudo limpinho. Fizemos uma estrutura totalmente diferente da que ele tinha, isso em menos de dois dias. Em 24h ele já estava com tudo pronto e organizado", contou. 

Foto: Reprodução
Odorico, Carlos e o Gabriel com a nova estrutura da barraca de lanches

Carlos ainda não consegue acreditar que fez parte de um momento tão importante e ainda se emociona ao contar o que aconteceu. Graças ao engajamento de tantas pessoas por uma só causa, agora Odorico tem sua própria banca de lanches e pode atender seus clientes da melhor forma possível. 



** Leticia Martins é estudante de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. É estagiária de Último Segundo, com foco em Hard News. Tem experiência em assessoria de imprensa, é fascinada em política e causas sociais. Certificada em missões urbanas, trabalha como voluntária em ONG´s que auxiliam refugiados no Brasil.