Michelle Bolsonaro é alvo de críticas por se vacinar contra a Covid-19 nos EUA
Bolsonaro disse que ela tomou a vacina no país estrangeiro, mesmo com idade habilitada para se vacinar em Brasília desde julho
Diferente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que diz não ter se vacinado contra a Covid-19, a primeira-dama Michelle Bolsonaro (sem partido) já tomou apenas uma dose de um imunizante contra a doença . A revelação foi feita por seu próprio marido em entrevista à revista Veja , publicada nesta sexta-feira (24).
Ao ser questionado se a demora do governo federal em comprar vacinas e a pregação contra elas não seriam ao menos um mau exemplo, o presidente disse que em 2020 não havia imunizantes à venda - o que não é verdade, já que o país firmou contrato para adquirir a vacina de Oxford/ AstraZeneca em julho do último ano e também recusou diversas ofertas da Pfizer. Nesse momento, Bolsonaro voltou a colocar em cheque a eficácia da Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e enfim revelou que Michelle preferiu se vacinar fora do país.
"Tomar vacina é uma decisão pessoal. Minha mulher, por exemplo, decidiu tomar nos Estados Unidos. Eu não tomei", frisou. Bolsonaro não disse quando exatamente a primeira-dama recebeu uma dose de algum imunizante, mas ela esteve com ele na em viagem feita ao país estrangeiro nesta semana.
Na ocasião, Bolsonaro foi discursar na 76ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e o saldo da viagem foi negativo: ao menos três integrantes da comitiva já testaram positivo para a Covid-19. O primeiro foi um diplomata responsável por organizar a viagem, em seguida, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e hoje o deputado federal e terceiro filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Diante desse cenário e da revelação feita pelo chefe do Executivo nacional, a postura de Michelle foi criticada por políticos e cientistas. No Brasil, ela já poderia estar vacinada ao menos desde 23 de julho, já que em Brasília pessoas com 39 anos puderam se imunizar nesse período.
Ao G1, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que a primeira-dama mostrou que o patriotismo exaltado é "da boca para fora". "Primeiro, ela está de parabéns por ter se vacinado. A vacina salva. Fez a coisa correta. Isso é nota 10. [Por outro lado] Nota zero, porque a vacina que é aplicada nos Estados Unidos é a mesma que é aplicada aqui no Brasil. Então, ela poderia aqui ter se vacinado, mostrado aos brasileiros ela se vacinando, para dar um bom exemplo aos brasileiros e aí, sim, veríamos o patriotismo de verdade, não patriotismo da boca pra fora", disse o parlamentar.
Já o epidemiologista Pedro Hallal, que coordena um estudo epidemiológico sobre o coronavírus no Brasil, ressaltou que essa atitude é um sinal de desprezo com o Sistema Único de Saúde (SUS). "Se confirmada, é uma notícia que mostra desprezo com o SUS e com os brasileiros. Demonstra falta de confiança no sistema universal de saúde, acessível a todos os brasileiros", declarou ao portal. Até o momento, Michelle não se pronunciou sobre o assunto.