Faraó dos bitcoins: "corretor das celebridades" é um dos alvos da polícia

Segundo a Polícia Federal, Michael de Souza Magno é ligado a grupo de Glaidson Acácio dos Santos em esquema financeiro

Foto: Reprodução
No site de Michael, junto a foto com Bruno Gagliasso, o ator é descrito como 'amigo, cliente, gente finíssima, sempre presente'

Enquanto no mundo dos famosos Michael de Souza Magno é conhecido como o " corretor das celebridades ", para a Polícia Federal (PF) ele é apontado como operador financeiro do esquema fraudulento de pirâmide montado pelo ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, preso no último dia 25 e conhecido como "faraó" dos bitcoins. Quinze dias após a prisão de Glaidson, Magno é um dos alvos da segunda fase da Operação Kryptos , nesta quinta-feira. Os agentes estiveram em seu apartamento, na Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, mas não o encontraram. Além dele, os investigadores procuram o empresário João Marcus Pinheiro Dumas Viana, que também ainda não foi achado.

Nesta fase da operação, policiais e auditores fiscais cumprem dois mandados de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão no Rio. Até o momento, ninguém foi preso. Os mandados foram expedidos pelo juiz da 3ª Vara Criminal Federal, Vitor Barbosa Valpuesta.

Em relatório da Operação Kryptos , obtido pelo GLOBO, o corretor aparece como um importante operador da GAS Consultoria Bitcoin, companhia do ex-garçom que prometia rendimentos exorbitantes mediante investimento em criptomoedas. Embora o documento pontue que não há vínculo formal entre o corretor e Glaidson, Michael era, segundo a PF, ligado ao casal Tunay Pereira Lima e Marcia Pinto dos Anjo, ambos presos no mesmo dia que o ex-garçom. O casal é sócio de Glaidson.

De acordo com o relatório, o corretor declarou, em 2021, bens e rendimentos tributáveis de R$ 32.700, além de um patrimônio de pouco mais de R$ 293 mil. "Apesar disso, desde 2017, seu patrimônio e seu padrão de vida aumentaram bastante, o que leva a RFB (Receita Federal do Brasil) a apontá-lo como provável sonegador contumaz", afirma o texto.

Conversa sobre fuga

Michael Magno também aparece em um trecho do relatório que fala sobre a possibilidade de que Glaidson fugisse do Brasil . Uma escuta telefônica, realizada com autorização da Justiça, registrou uma conversa do corretor com um homem não identificado, na qual os dois, de acordo com os investigadores, tratariam da saída do empresário do país.

O telefonema aconteceu na tarde da última segunda-feira, dia 23 de agosto, às 14h30. "Porque ele já sabia que ele tinha que sair do país rápido", afirma o interlocutor para Michael, referindo-se, segundo a PF, ao ex-garçom. Pouco depois, o próprio Michael diz: "Já era pra ter ido embora, cara, pra 'tá' bem longe daqui. Aí fica no Rio, fica indo em resenha, fica indo não sei aonde, vai pra festa".

Os advogados de Glaidson negam que ele tivesse qualquer intenção de fugir do país em definitivo. De acordo com a defesa do empresário, ele faria uma viagem para Punta Cana, na República Dominicana, onde aconteceria uma espécie de congresso da G.A.S. O evento no exterior reuniria sócios, consultores e familiares em um resort de luxo, com tudo incluído. As atividades teriam início justamente em 25 de agosto, data da prisão, e iriam até 31 de agosto.

A possibilidade de que o empresário deixasse o Brasil junto a dezenas de outras pessoas ligadas à G.A.S, aliás, foi motivo de preocupação para Michael na ligação monitorada pelos agentes. "Ele já 'tá' chamando a atenção, ele tem que passar em 'OFF', não pode ir com todo mundo, com cachorro. Com periquito e papagaio. Entendeu? Ele não pode, pô", reclama o operador para o outro homem, que concorda.

Artistas e jogadores de futebol

Nas redes sociais, Michael Magno se identifica como pioneiro no segmento de imóveis de alto padrão, e sua empresa como "30 anos de grandes negócios". Em um perfil da corretora que leva o seu nome, ele aparece numa lancha, em Búzios, numa foto cuja legenda é: "Carregando as energias pra semana". Em outra postagem, ele desce de um helicóptero na Barra da Tijuca: "Mais uma semana abençoada", escreveu.

Em uma matéria de 2019, numa página sobre celebridades, Michael se orgulhava de já ter vendido um imóvel por R$ 20 milhões. De acordo com o texto, além dos atores Bruno Gagliasso e Nilvea Stelmann, ele teria feito negócios também com Eri Johhson, Kadu Moliterno, Rayane Moraes e Juliana Kieling, além da cantora Preta Gil e os jogadores de futebol Nenê, Henrique Dourado e Giovanni Augusto.