Objetos encontrados em praia de Salvador eram de navio nazista; veja fotos
Tratam-se de fardos de borracha que serviriam de matéria-prima para pneus e armas do exército alemão, explica oceanógrafo Carlos Peres Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará
Pelo menos oito fardos que pesam até 200 kg foram encontrados na Praia do Flamengo, em Salvador, desde o último fim de semana. O material fazia parte da carga de um navio nazista afundado 4 de janeiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.
Os fardos na verdade são "folhas" de látex dobradas diversas vezes. De acordo com o oceanógrafo Carlos Peres Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), trata-se de matéria prima para borracha utilizada nos pneus e armas do exército alemão.
"Esse navio foi afundado por um Destroyer americano e está afundado a 1 mil quilômetros de Recife, em linha reta, a 5,6 mil metros de profundidade. Até o ano passado era o naufrágio mais profundo já alcançado por um robô. Para se ter uma ideia, o Titanic está a 2 mil metros de profundidade", explicou Teixeira.
A relação entre os fardos e a marinha nazista ocorreu em 2018, quando os primeiros fardos começaram a aparecer na costa brasileira. Na época, eles foram vistos da Bahia ao Maranhão. E nos meses seguintes chegaram até a Flórida, nos Estados Unidos.
A descoberta ocorreu a partir de uma inscrição que continha nos fardos, dizendo: "Made in Indochina". Era nessa ex-colônia francesa - desmembrada nos países Laos, Camboja e Vietnã — que as forças nazistas recorriam às matérias-primas como a borracha. Nesse navio naufragado, também há carga de cobalto e estanho.
"Não acreditamos que essas caixas que estão aparecendo agora sejam novas. Pelo aspecto delas, acredito que sejam as mesmas. Elas chegam às praias quando a maré está mais alta, com ondas fortes", disse Teixeira.
Há entre 500 e 600 navios naufragados entre o Brasil e a Europa. De acordo com o pesquisador, essa quantidade de embarcações submersas é um motivo de preocupação.
"São navios que estão se corroendo e uma hora vão romper e liberar a carga. E nem todas serão inofensivas como fardos de borracha. Há navios-tanque naufragados e não sabemos se o óleo continua lá. Quando isso romper, certamente vai chegar à costa brasileira. É uma bomba-relógio", alerta.