Bolsonaro: reajuste do fundo eleitoral foi 'casca de banana' na votação da LDO
Após receber alta, presidente também defendeu ex-ministro Pazuello de denúncias sobre compra de vacina superfaturada
O presidente Jair Bolsonaro disse que é injusta a cobrança sobre parlamentares bolsonaristas que votaram a favor do aumento do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões. Ao deixar o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após quatro dias internado, Bolsonaro afirmou que a votação foi uma "casca de banana" dentro da Lei de Diretrizes Oçamentárias (LDO).
Foi a primeira vez que Bolsonaro abordou o assunto. Ele garantiu que vai dar um bom final" para essa questão, sinalizando que "quase R$ 6 bilhões" é um valor muito alto.
Segundo o presidente, os parlamentares que votaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estão sendo "injustamente" acusados de votar o aumento do fundo. A votação criou uma "saia justa" para parlamentares que apoiam o presidente, já que muitos deputados que se diziam contra o reajuste votaram a favor do aumento.
"Os parlamentares aprovaram a LDO. É um documento enorme, com vários anexos, tem muita coisa lá dentro. Num projeto enorme, alguém botou lá dentro essa "casca de banana, essa jabuticaba", afirmou o presidente.
Montante recorde
Na quinta-feira, o Congresso aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que aumentou o valor previsto para o Fundo Eleitoral. O montante, de no mínimo R$ 5,7 bilhões, será quase o triplo da última eleição.
O relator, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), incluiu no texto a previsão de um piso para o fundo. O valor será corespondente a 25% dos recursos destinados à Justiça Eleitoral em 2022, oriundos de emendas de bancadas estaduais e valores da renúncia da extinção de propaganda partidária que serão definidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo técnicos do Congresso, esse valor daria em torno de R$ 5,7 bilhões. Nas eleições de 2018, o fundo foi de R$ 1,7 bilhão.
Bolsonaro disse que muitos parlamentares tentaram destacar essa questão (valor do fundo), mas não foram atendidos. Segundo o presidente, o responsável pela aprovação do aumento foi o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que conduziu a sessão de votação da LDO.
"Ele (Marcelo Ramos) que fez isso tudo, porque se tivesse destacado, talvez o resultado tivesse sido diferente. Então, cobre em primeiro lugar do Marcelo Ramos. E quem está atacando parlamentares que votaram pelo fundão, isso não é verdade", afirmou.
Bolsonaro afirmou que o deputado "atropelou, ignorou, passou por cima" e não botou em votação o destaque.
'Obrigado aos parlamentares que votaram o LDO. Todos eles estão sendo acusados injustamente de ter votado o fundão. Eu sigo a minha consciência, sigo a economia, e a gente vai buscar dar um bom final para isso daí. Afinal de contas, já antecipo: R$ 6 bilhões para fundo eleitoral? Pelo amor de Deus", disse o presidente.
Durante a entrevista, o presidente defendeu o ex-ministro Eduardo Pazuello das denúncias de que ele prometeu a um grupo de intermediadores comprar 30 milhões de doses da vacina Coronavac por quase o triplo do preço negociado pelo Instituto Butantan. Bolsonaro disse que Brasília é o "paraíso dos lobistas" e que todos "pressionavam por vacinas" e muitas pessoas foram recebidas no ministério.
"Aquele pessoal se reuniu com o diretor responsável por possíveis compras lá no ministério e na saída ele conversou com o pessoal. Se fosse algo secreto, negociando algo superfaturado, ele estaria dando entrevista? Estaria escondidinho lá no porão do ministério. Quando fala em propina, é "pelado dentro da piscina", e não gravando um vídeo para anunciar a assinatura de um memorando de entendimento para a compra", afirmou o presidente.
Sobre a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC), que estabelece o voto impresso nas eleições de 2022, o presidente disse que só depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso visitou o Congresso é que os líderes partidários mudaram os integrantes da comissão para que eles votassem contra o voto impresso.
Deputados bolsonaristas conseguiram adiar a votação, que estava prevista para sexta-feira passada, na comissão especial da Câmara que analisa o assunto, do parecer do relator, deputado Filipe Barros (PSL-SP).
"Eu não entendo porque não querem voto auditável. Será que esse voto eletrônico é tão confiável assim? Nós queremos transparência nas eleições. Não existem eleicões sem transparência, isso é fraude", afirmou.