MPF investiga se RJ descumpriu decisão do STF sobre operações policiais

Por ordem do ministro Edson Fachin, procedimento foi distribuído ao Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial, no RJ.

Foto: Foto: Lenon Felício / LabJaca
Mural pintado no Jacarezinho após mortes em operação policial


O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação, conforme determinou o ministro do Supremo Edson Fachin, para apurar se estado descumpriu a  decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) restringindo operações policiais a casos "excepcionais".

A ordem para a abertura do procedimento foi recebida pelo MPF do RJ na sexta-feira (2). A distribuição ocorreu nesta segunda-feira (5), para o Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial.

A decisão do ministro, de forma cautelar, ocorreu no âmbito da chamada "ADPF das Favelas". Na mesma ordem, Fachin também atendeu a pedido dos representantes da ação e concedeu acesso às comunicações das operações policiais e relatórios finais das incursões.

Entretanto, o ministro fez ressalvas para casos em que "haja informações de inteligência que não digam respeito ao cumprimento, pelo governo fluminense e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPERJ), das decisões cautelares proferidas no âmbito desta ADPF".

Em junho do ano passado o ministro decidiu que, durante a pandemia de Covid, operações policiais no Estado do Rio só deveriam ocorrer em "hipóteses absolutamente excepcionais", e com justificativa ao Ministério Público estadual por escrito.

Julgmento

Desde o dia 21 do mês passado, está em julgamento no STF um recurso apresentado à Corte que trata da realização de operações policiais em favelas do RJ durante a pandemia de Covid.

Fachin, que é relator do caso, submeteu o tema ao plenário virtual do Supremo no mesmo dia em que uma incursão policial no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, resultou na morte de 28 pessoas.

O ministro foi o primeiro a submeter o voto ao plenário e, na ocasião, já tinha dito ser favorável a um pedido dos autores da ação, PSB e organizações de defesa dos direitos humanos, para que o MPF apurasse suposto descumprimento da ordem do STF.


Três dias depois, porém, o também ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, pediu vista do processo, o que significa que informou que precisa de mais tempo para analisar o tema. O julgamento só será retomado quando o ministro disser que concluiu a avaliação.