Eduardo Paes nega que milícia impeça fiscalização em comunidades do Rio
Governador diz que fiscalização na área habitacional 'tem que ser uma questão integrada entre prefeitura e estado'
RIO — O prefeito Eduardo Paes acompanhou o trabalho de resgate de vítimas do desabamento de um prédio em Rio das Pedras , na Zona Oeste, que causou a morte de duas pessoas. Questionado sobre a ação da milícia na comunidade, que impede a ação de fiscalização da prefeitura, o prefeito garantiu que não há qualquer dificuldade provocada pelos paramilitares no trabalho do município. A Secretaria de Habitação informou que a construção que desmororonou era irregular.
— Comigo não impede, não tem essa conversa. A gente vai agir sempre com firmeza. E vamos permanecer assim. Nem milícia, nem traficante, nem delinquente se sobrepõe ao poder do Estado, isso é falta de vergonha na cara das autoridades que permitiram isso. Infelizmente quando você tem um tipo de acidente aqui, com um solo como esse aqui, que se move muito. É uma das áreas mais críticas do Rio.
gundo o prefeito, edifícios vizinhos estão sendo analisados e serão condenados. A Assistência Social do município está no local e dá suporte às famílias atingidas.
— Agora é hora de trabalhar. Tem prédios que estão sendo analisados e parece que também estão condenados, a gente vai ter um laudo mais técnico dos engenheiros da Defesa Civil municipal e vamos prestar todo auxílio a essas famílias que passaram por essa situação trágica — explicou Paes.
Indagado sobre a expansão das construções irregulares, Eduardo Paes disse que em seu governo não tem permitido a ação dos criminosos.
— Estamos deixando uma mensagem muito clara nos últimos meses de que acabou essa história de construção irregular, a gente não tem permitido, diariamente a imprensa tem mostrado ações da prefeitura combatendo isso. Agora, é uma realidade da cidade, nós não vamos tirar todas as casas de todas as favelas do Rio. O que se tem que fazer é olhar essas construções para tentar produzir melhorias habitacionais.
O governador Cláudio Castro também esteve no local da tragédia e deixou a favela por volta de 11h, junto com Paes. Os dois acompanharam por algumas horas o trabalho dos bombeiros e observaram a estrutura do prédio que desabou. Castro disse que o momento é de dar apoio às famílias para depois pensar em intervenções.
— O momento agora é de vir aqui dar apoio às famílias, aos bombeiros. Eles foram chamados por volta de 3h30m e vieram diretamente para cá. Realmente, há mais de um prédio com problemas e estão sendo avaliados os prédios vizinhos para saber o que vai precisar ser retirado. Três vítimas com vida foram resgatadas imediatamente. Agora há pouco mais duas foram, uma criança de dois anos, infelizmente sem vida, e uma mulher de 27 anos com vida foi levada ao Lourenço Jorge. Tem mais uma pessoa soterrada ainda, estão fazendo todo o trabalho de resgate ainda. Depois, o trabalho do Corpo de Bombeiros se encerra nessa questão de resgate e aí vem o apoio junto à Defesa Civil, Polícia Militar e Polícia Civil, já foi instaurado um inquérito desde cedo na delegacia da Taquara e agora é o apoio do governo à prefeitura. O momento é de ajeitar a confusão que está, e num segundo momento, então, a gente pensar numa intervenção.
Sobre a falta de fiscalização na área de Rio das Pedras e da Muzema — onde tragédia semelhante aconteceu há 2 anos — Castro disse que não foge da responsabilidade.
— A gente realmente tem que melhorar a questão da fiscalização, tem que ser uma questão integrada entre prefeitura e estado. Não adianta falar que é de um ou é de outro, o problema é de todos nós. Aqui ninguém foge da responsabilidade. Eu e o prefeito vamos agora sentar, conversar para entendermos tudo, até porque temos planos de infraestrutura com recursos que estão vindo agora e com certeza as comunidades terão seu pinhão de investimento, importantíssimo para que outras tragédias como essa não aconteçam — concluiu Castro.