Jacarezinho: "Eles foram para matar", diz esposa de morto em operação policial

Familiares lotam porta do Instituto Médico Legal nesta sexta-feira (7) para reconhecer corpos de parentes mortos na ação

Foto: Reprodução/TV Globo
Homens armados fugindo durante operação policial

Famílias e amigos dos 24 suspeitos mortos identificados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) durante operação da Polícia Civil na comunidade de Jacarezinho lotaram a porta do Instituto Médico-Legal no Rio de Janeiro. De acordo com o portal Metrópoles , sete famílias haviam conseguido pegar a certidão de óbito dos mortos até o início da tarde desta sexta-feira (7).

"Eles foram para matar. Falei com meu marido no telefone ainda vivo. Ele estava com tiro na perna e depois apareceu morto com quatro. Nunca vi uma operação assim", disse a esposa de Clayton da Silva Freitas Lima, de 26 anos.

Segundo o portal, treze corpos já passaram por autópsia no IML, e desses, três tinham marcas de tiro. O primo de Isaac Pinheiro, de 22 anos, que também foi morto na operação , contou ao Metrópoles que recebeu um vídeo do rapaz dentro de uma casa com dois tiros nas costas, mas ainda vivo. "A polícia cercou o local, ele se rendeu, não estava armado, mas foi executado", disse.

Já a mulher de Jonas do Carmo, de 32 anos, disse que recebeu de uma sobrinha a foto do corpo do marido. "Ele saiu para jogar o lixo fora, ir à padaria e resolver coisas da obra da casa. Foi atingido na perna. Testemunhas viram ele sendo executado", disse ela. A mulher afirmou que ele já teve envolvimento com o tráfico e cumpria regime semiaberto, mas que, atualmente, não tinha mais ligação com o crime.

Um familiar de John Jefferson Mendes Rufino, de 30 anos, também destacou a violência policial na região. "Ele estava encurralado. Escolheu a vida errada. Pobre e favelado tem poucas oportunidades. Procuramos o corpo a noite inteira sem informações".

A mãe de Pedro Donato de Santana disse que, quando foi morto, o filho já havia se rendido. "Ele já tinha se rendido, estava dentro de uma casa, mas foi morto mesmo assim". O laudo do IML indicou que o jovem morreu de hemorragia interna, laceração no pulmão e lesão na artéria ilíaca, causadas por ação perfuro-cortante.


Na manhã desta sexta, a OAB divulgou uma lista extraoficial identificando 15 dos 24 mortos na operação:

  • Raíl Barreto de Araujo, 19 anos
  • Romulo Oliveira Lucio, 20 anos
  • Mauricio Ferreira da Silva, 27 anos
  • Jhonatan Araujo da Silva, 18 anos
  • John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos
  • Wagner Luis de Magalhães Fagundes, 38 anos
  • Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23 anos
  • Marcio da Silva, 43 anos
  • Francisco Fabio Dias Araujo Chaves, 25 anos
  • Toni da Conceição, 30 anos
  • Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos
  • Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos
  • Marcio Manoel da Silva, 31 anos
  • Jorge Jonas do Carmo, 31 anos
  • Carlos Ivan Avelino da Costa Júnior, 32 anos