Covid-19: MPF investiga denúncias de aglomeração em base da Marinha no Rio

Militares relataram que Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA) está descumprindo as medidas de proteção e segurança durante a pandemia

Foto: ESTADÃO CONTEÚDO
Covid-19: MPF investiga denúncias de aglomeração em base da Marinha no Rio

Após receber denúncias de possíveis aglomerações em uma base da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação para apurar os fatos. De acordo com o "G1", militares do Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA), na Zona Norte da capital fluminense, relataram que o quartel tem descumprido as medidas protetivas e as normas de segurança durante a pandemia da Covid-19.

Imagens obtidas pelo site, que foram captadas no local, mostram alojamentos lotados, alunos e militares sem máscara de proteção, e pouco distanciamento em atividades ao ar livre.

Ainda de acordo com a reportagem, não há aferição de temperatura na entrada, não é oferecido álcool em gel para os alunos e reclamações são contidas com ameaça de punição. Além, disso, há aglomerações em todos os espaços do loca, como banheiros, refeitórios, sala de aula e alojamentos. Só no quarto, são cerca de 25 pessoas em um pequeno espaço trocando de roupa.

Hoje, o CIAA tem aproximadamente 2,7 mil alunos. O curso para cabo, por exemplo, teve início no dia 7 de janeiro e tem duração de aproximadamente um ano. Conforme as denúncias, há muitos casos de Covid na unidade da Marinha.

"Tem muitos casos de Covid lá dentro. Tem campanhas (colega) que perderam pais, estão com filho com Covid e mesmo assim continuam indo pro curso. Quando um praça chega lá com sintomas, eles dão a dispensa, mas quando o militar apresenta uma dispensa de um outro hospital eles dizem que quando entramos em janeiro estávamos bons de saúde. E desconsideram o atestado", relatou um militar ao "G1".

Depois das denúncias, o MPF convocou o comandante da unidade da Marinha, o contra-almirante Alexander Reis Leite, para prestar esclarecimentos dos fatos. Ao procurador da República do Rio de Janeiro, Fábio de Lucca Seghese, o militar afirmou que o CIAA segue o Plano de Atividades para Acompanhamento da Evolução da Pandemia no Brasil e na Família Naval. Segundo o comandante, o planejamento tem o propósito de orientar a progressão das atividades e a manutenção da capacidade operacional da unidade militar.

"No âmbito desta Organização Militar foram elaborados memorandos, onde contêm as informações sobre o retorno das aulas com os protocolos a serem adotados contra a Covid-19. Adicionalmente, houve a implementação de regras a serem cumpridas pelos militares do comando do corpo de alunos e pelo próprio corpo de alunos, em função de medidas de enfrentamento adotadas", disse o contra-almirante.

O EXTRA entrou em contato com a Marinha do Brasil e com o Ministério Público Federal, mas até o momento não recebeu retorno dos questionamentos feitos.